Tuesday, March 27, 2007

A final do programa "Os Grandes Portugueses"


O processo é irreversível!
A população está serena...ou talvez não!
Na final do programa "Os Grandes Portugueses" saiu vencedor António de Oliveira Salazar, com 41%, cerca de 65.290 votos. Uma esmagadora conquista!
A um mês de completar 33 anos depois do 25 de Abril de 1974, descubro em pleno programa de televisão, na final de "Os Grandes Portugueses", que a população portuguesa prefere ser governada a "ferro e fogo" e com "pulso de aço" a ter a democracia como signa.
A educação/formação escolar falhou! O desconhecimento da história do nosso País é grande.
Onde paira a formação em que o conhecimento é valorizado no sentido amplo da palavra, dando lugar à opinião crítica e à partilha de informação?
Então e o Sistema Político fundamentado no princípio de que a autoridade deriva do povo, e é por ele exercida ao investir no poder soberano através de eleições periódicas e livres?
E a distribuição equitativa do poder?
E uma sociedade que garanta a liberdade de expressão, e na qual não existam distinções ou privilégios de classe hereditários ou arbitrários?
E o País democrático? A liberdade, igualdade, fraternidade, respeitabilidade, justeza, veracidade, honestidade e a cidadania, são sinais que o tempo deve apagar?
Valores justos e prementes na humanidade, assim como, de todos os direitos salvaguardados na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Bendito seja Deus!
Afinal houve um reconhecimento por Salazar, que perdurou no tempo...
Algumas das suas frases mais célebres:
a) "O povo inculto é governável."
b) "Falar pouco e trabalhar muito."
c) "Um safanão a tempo é quanto basta."
d) "Mais vale um safanão a tempo do que deixar o Diabo à solta no meio do povo."
e) "Sei muito bem o que quero e para onde vou."
f) "Manda quem pode e obedece quem deve."
g) "Pátria, Deus e Família."
António de Oliveira Salazar (1889 - 1970), formou-se na Universidade de Coimbra em Direito com média de 19 valores, professor universitário (Economia Política e Finanças), ditador e estadista. Aceita a pasta das finanças pela segunda vez (1928 - 1932), com todas as suas exigências cumpridas (uma delas, o controlo absoluto sobre as despesas e receitas de todos os ministérios - impondo forte austeridade e rigor nas contas), equilibrou as finanças públicas entre 1928 e 1929. Na primeira vez que aceitou o cargo, em 1926, apenas exerceu 13 dias, demitiu-se, alegando não possuir as condições indispensáveis para o seu exercício.
Foi fundador e chefe da União Nacional, único partido político durante o Estado Novo, ou II República, em 1931, um regime totalitário. Salazar tinha a concepção de que havia uma elite política, a do regime. Fundador e principal mentor do Estado Novo, com o cargo de Presidente do Concelho de Ministros - Primeiro Ministro (1933 - 1974). Exerceu uma ditadura anti-liberal, anti-comunista e anti-parlamentar que se regia segundo princípios da tradição conservadora: Pátria, Deus e Família.
Durante o Estado Novo os Presidentes da República tinham funções meramente cerimoniais. Quem detinha o poder era o Presidente do Concelho de Ministros, portanto, Salazar.
Salazar governou Portugal em nome do povo, substituindo-se a ele. Afastou os sucessivos presidentes do conselho de ministro militares, nomeados. Ratificou a nova instituição, apesar de ter uma abstenção de 40% (votos que reverteu a seu favor). O seu poder pessoal passou a assentar em bases sólidas. Criou a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), mais tarde, em 1945, transformada em Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), esta polícia estendeu uma rede de informadores de norte a sul do País, percorrendo vilas e aldeias. A primeira função da PVDE/PIDE era prevenir as tentações da libertinagem, intimidando não só os ateus e os desacautelados à beira da impiedade, mas também seus pais, irmãos, conjugue, filhos, amigos e colegas, enfim ... todos os que estavam em perigo de contágio.
A PVDE/PIDE localizava o suspeito, pós denúncia, e a meio da noite arrombava a porta da sua residência, dava-se voz de prisão e uns "sopapos", arrastavam-no para a sede, onde era interrogado e apanhava o "primeiro safanão". Se o subversivo falasse o que sabia, estava a caminho da salvação. Se não, caía o "segundo safanão", entenda-se, o espancamento. Se continuasse em silêncio apanhava o "terceiro safanão" que consistia: na penitência da estátua (o indivíduo era obrigado a ficar, dias e noites, sempre em pé, até as suas pernas se transformarem em "trambolhos" (edema provocado pela estase venosa dos membros inferiores), outra variante do "terceiro safanão" era a penitência do sono (o indivíduo era obrigado a ficar, dias e noites, sem dormir, quando cabeceava, acendia-se um holofote contra os olhos - esta penitência podia chegar até aos 15 dias). Normalmente depois do "terceiro safanão", os inconfessos entravam em coma e morriam.
"Ninguém os mata, eles é que se deixam morrer porque se negam à salvação", dizia Salazar.
Poucos sobreviviam ao "terceiro safanão", e com ou sem julgamento, eram despejados em masmorras!
Quem não se lembra do Tarrafal???
Salazar chamou a si o despacho dos pelouros mais sensíveis, onde se incluía a propaganda e a censura. A título de exemplo: não existiam suicídios em Portugal, não haviam conflitos sociais, manifestações, greves, reivindicações salariais ... porque a censura os censurava.
Tentou assim, criar uma sociedade perfeita!
Pois ...
Nos Tribunais, antes do julgamento, já se lia a sentença. Advogados e testemunhas de defesa eram calados à força. Depois de cumprida a pena, os condenados ficavam, na maioria das vezes, mais uns anos em reclusão ... higiénicas medidas de segurança!
O povo só deveria admirar e orgulhar-se do Estado de Salazar, para isso, não era necessário ser-se instruído, para quê? De facto, bastava saber juntar umas letras para ler e escrever. E não era necessário que todos o soubessem! Salazar pretendia manter o povo analfabeto.
"O povo inculto é governável", dizia Salazar.
Advogou a pobreza para o País. O povo vivia à luz das candeias, com medo da própria sombra!
Em 1949, Salazar finge eleições livres. O candidato da oposição, Norton de Matos, é calado à força e desiste mesmo à boca das urnas!
Mais tarde, em 1951, quando Carmona morre, Salazar convoca eleições, o candidato da oposição, Rui Luís Gomes, leva uns "safanões" a tempo. E ganha o candidato de Salazar, o Almirante Quintão Meireles.
António de Oliveira Salazar com 41% dos votos. Uma esmagadora vitória. Porquê?
Estou em crer que os portugueses, hoje, não pretendem tanta amargura de volta!
Talvez só o lado direito de uma sociedade já bem distanciada e desmaiada no tempo.
Talvez reaver o que os portugueses sentem perder: escolas, centros de saúde, hospitais, policiamento, respeito pelas autoridades e leis. A segurança!
Será que os portugueses apresentaram um cartão vermelho aos nossos políticos? De certeza que ressentidos com o estado actual do País ...
Hoje encontramos desemprego, corrupção, criminalidade, instabilidade social, ausência de civismo, as pessoas cada vez ganham menos, os vencimentos são baixos, temos cortes nas reformas e a carga fiscal dispara, assim como, as falências e a inflação.
As pessoas pretendem um País mais educado, estável, organizado, respeitável e íntegro!
Estou certa, ou pelo menos quero estar, que quem votou Salazar, não pretende um de volta!
Bastou este, para impregnar o País e o seu povo num sofrimento inigualável!
As pessoas passaram por tudo, enquanto os Bancos do Estado estavam cheios ... e as vidas escravizadas, justificaram?
Estou em crer ... estou certa ...
Quero acreditar!

Tuesday, March 20, 2007

Episódios de olhar

Olho para trás e recordo livros que me fizeram crescer.
Valter, os teus, acompanham-me em todos os momentos.
Fazem parte de mim!
As tuas palavras são rostos, abraços,
instantes férteis que não contas a preto e branco.
Saborear algumas passagens das tuas obras, a uma distância qualquer, é doce!
Mas muito temperado, também, foi desfolhar a revista "Visão" de 15 de Fevereiro de 2007,
e sem dar por isso, os meus olhos encontrarem os teus...
Então...deparei-me contigo na sensibilidade dos tons,
na criatividade dos sons e,
na generosidade da mensagem, de cada uma das tuas peças literárias.
Valter gostei de achar-te.
Sorrisos e beijinhos,
cristina torres
(Valter Hugo Mãe, escritor)

Sunday, March 18, 2007

Dia do Pai

A propósito, amanhã é dia 19 de Março, Dia do Pai.
Dia do meu Pai. Do meu herói!
Curvada dedico-lhe algumas palavras:
Pai,
E disseste baixinho "também gosto muito de ti filha".
Pareceu-me um segredo e selámo-lo em silêncio.
Saí de tua casa e destilei de júbilo a tarde toda.
Desde então, enlaço-te o quanto me apetece, e seguro a tua face nas minhas mãos, para te beijar muitas vezes.
O meu coração agradece-te sempre,
por me teres deixado nos genes, o melhor de ti!
Fica bem, sempre!

Thursday, March 15, 2007

De olhos fechados


Vivemos numa era de incertezas, de crises de referências,
Mitos que convidam ao consumo de subprodutos.
As relações inter-pessoais, não passam disso...
Os grandes modelos entram em colapso. Fica a tendência...
A procura de soluções no esoterismo, no espiritualismo ou no misticismo, é crescente.
Nada altera este estado; não há milagres, não há bruxas, não há cartas.
Não há segredos, mensagens, oferendas, pensamentos. Nada.
Não há sinais que te façam dobrar!
Cruzei os braços e tento não pensar-te.
Descanso e organizo a ausência.
Estou, e não estou por aqui...
Presente ausente.
Procuro chegar a um lugar temperado:
Paz, luz, brandura, amor, vida, alegria e cheio de nós!
Olho para o dia a dia, ainda que não te veja, trago-te por dentro!
Estranhada pareço-me sem cor,
Sem nome e sem forma,
Num estado enlevado, ninguém!
E caminho...
Sinto ardência, é o calor de um abraço,
De um abraço afeiçoado, e não te alcanço. Penso-te.
Passaram meses, poderiam passar anos, sem a tua presença.
Não te esqueço, e estremeço quando refresco o teu olhar sobre o meu.
Sinto o vazio das tuas palavras, do teu cheiro, das tuas mãos!
E o teu sorriso?
Esse está reservado, como se de uma ilusão se cuidasse!
Sou silêncio.
O medo que me povoava, cedeu lugar à paz,
Não uma paz qualquer...
Uma ordem duradoura que me envolve num estado de ajustamento!
E assim acerquei ao lugar mais suave de toda a vida...
Não dei por nada, nem sei o que se seguiu. Não importa.
Ali era um espaço superior, o meu.
Não falo, não sonho.
Fico. E recordo...
De olhos fechados,
Passa agora, a tua mão pelo meu poema,
Sentes a minha pele?
Os dedos a tocarem as frases, sentes?
Agora, só a ponta dos dedos a pousarem nas palavras,
São os meus seios!
Sentes?
Não leias, o que temos para trocar não pode ser circunscrito a um poema!
De olhos fechados,
Estende a folha com o poema sobre o teu peito, sentes o meu corpo?
E o cheiro da pele transformada?
Segura a folha.
Vejo o teu corpo desnudo, é igual na minha memória!
Agora pousa devagar os teus lábios no poema, repara...
Estamos a beijar-nos!
Conserva os olhos fechados, assim vês melhor!

Thursday, March 8, 2007

Mulher todos os dias...


Estafada de flores, de slogans e de sorrisos! Tudo isto, porque hoje foi o DIA INTERNACIONAL da MULHER.
DIA INTERNACIONAL da MULHER: situação de desigualdade.
Enquanto se comemorar o DIA INTERNACIONAL da MULHER e não se comemorar o DIA INTERNACIONAL do HOMEM, isto reflecte, na minha opinião uma condição de disparidade para as mulheres.
Se a mulher fosse, de facto, encarada como um braço de trabalho tão válido como o homem, e que por tal fosse remunerada, na mesma proporção não haveria"oitos de Março"!
Se a questão da maternidade, se estendesse também ao pai (obrigatoriedade de acompanhamentos consultas, licença de maternidade facultativa entre o casal, as faltas por doença dos filhos não forem um peso exclusivo para as mulheres, por exemplo), não havia "oitos de Março"!
Se o homem para além de trabalhar fora de casa, tal como a sua mulher, ajudasse nas lides domésticas (salvo raras excepções), continuaria a não haver "oitos de Março"!
Quando acabarem de negociar as quotas, para assento das mulheres na Assembleia da República, não existirão mais "oitos de Março"!
A vitória da dignidade das mulheres contra a hipocrisia e a discriminação, não é conseguida com UM DIA INTERNACIONAL da MULHER. Passa por um trabalho árdua, diário, constante, civilizacional, com coragem e determinação, na justeza da luta em relação à justiça social e à igualdade entre os sexos.
Foi há 150 anos. Mais de uma centena de operárias têxteis de Nova Iorque perderam a vida...Recusavam a discriminação e a exploração Patronal! Bem hajam!
Esta é a labuta certa, constante que milhares de mulheres levaram ao longo do tempo. A nós, suas seguidoras cabe-nos continuar este trabalho, todos os dias! O nosso estimulo não são flores, mas o sorriso das nossas filhas, todos os dias!
Aos defensores do "oito de Março", tenho uma proposta de trabalho: 365 dias do ano dedicados inteiramente à MULHER. A contar já para 2008.

Projecto Bolina

Uma das funções da atmosfera é proteger a Terra da perigosa radiação ultravioleta, outra é garantir que a temperatura do planeta o torna habitável. Mas a atmosfera, a que habitamos, está diferente por culpa do homem. As actividades do homem interferem num equilíbrio que se sabe frágil.
Será que é possível controlar a nossa interferência?
Será que podemos carregar com as consequências? E contribuir para diminuir as catástrofes naturais ao ponto a que chegaram, a uma "situação insustentável".
Num mundo onde a energia humana é geradora de riqueza, 80% da energia gerada para uso humano provém de combustíveis fósseis.
A história da humanidade diz-nos que não se faz nada sem um motivo, e caso não se matrializem alterações no clima claras e óbvias, o homem, não age, ou melhor...não reage!
É dificil prever quando é que o homem se vai sensibilizar com o problema...
A alteração do clima reveste a nossa vida interferindo de forma indicativa e decisiva.
O que acontecerá a milhões de pessoas que vivem perto do mar?
Terão de fugir para zonas mais elevadas? E aí, haverá espaço para todos? Não é aí hoje, o cantinho das florestas? Então será necessário devastá-las!
Que mundo este, meu Deus!!!
Que inquietação!
Que futuro estamos a construir para deixar aos nossos filhos, e aos nossos netos? Este...
a) O aquecimento global foi o pior dos últimos 400 anos.
b) Estudo detecta modificações genéticas resultantes da alteração do clima.
c) Novas espécies de peixes e algas foram descobertas no mar das Caraíbas.
d) NASA vai estudar furacões no arquipélago de Cabo Verde.
e) Aves migratórias regressam mais cedo à Europa.
f) Como se denominará o próximo furacão?
O efeito de estufa não é a única alteração. Temos de agir, se quisermos que este não seja "o fim do mundo, tal como o conhecemos!".
O PROJECTO BOLINA (P. BOLINA) da autoria dos Vereadores do Partido Socialista da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, vêm despertar uma minoria dormente, e juntar-se a uma maioria que conjuga preocupações com a sociedade e princípios essenciais para a sobrevivência.
O papel do poder local, no P. BOLINA obriga a uma abordagem integrada compatibilizando os objectivos ambientais, sociais, culturais e económicos, devendo ter sempre garantido, que os esforços para melhorar a qualidade de vida local, não coloquem em risco a qualidade de vida das gerações vindouras.
É preciso ter presente que o P. BOLINA colide com os interesses do comum cidadão automobilístico e com o uso e abuso do automóvel "levar o carro até casa, à loja, ao cinema, à escola, à livraria, ao restaurante, à padaria, à lavandaria!". Mas depois, em determinados horários as filas de automóveis adensam-se, o trânsito fica muito congestionado e os condutores perdem facilmente a paciência. Para terminar, uma última pincelada nesta aguarela, a cidade está descosida!
O comportamento do típico cidadão automobilístico irá dilatar a moldar, mas tudo se vai acomodando, desde que as pessoas compreendam as reais vantagens, para cada um individualmente, do BOLINA.
Como seria bom alterar comportamentos por decreto!!!
Ao P. BOLINA urge desenvolvê-lo, fazê-lo sair do papel e vê-lo crescer de forma consistente, tal como está programado. É necessário chegar às pessoas, falar e muito! Dar a conhecer abrir as portas do BOLINA e deixar entrar...Envolver a população neste projecto, fazê-las parte activa do BOLINA. Só assim a palavra começa a rolar, tal como o projecto e o BOLINA!
Algumas cidades do país já aderiram a projectos mais ou menos semelhantes, por experiência, apenas posso pronunciar-me sobre a cidade de Coimbra, com o Pantufinhas (penso que em marcha desde 2003), as pessoas pagam o estacionamento (periférico), que pode ser diário ou mensal e partem de "pantufas" para a cidade, em mini-autocarros eléctricos, com elevada rotação, ou seja, baixo tempo de espera. Também é preciso frisar que Coimbra tem tradição de viajar em transportes públicos. Ainda e só, a título de exemplo, e já lá vão alguns anos, poucos..., quando frequentava o 1º Ano do Ciclo Preparatório, então com 9 anos de idade, tomava três transportes para chegar à escola (dois trolleys e um eléctrico), eu e os meus colegas.
O BOLINA é a solução para vários problemas com que a Póvoa de Varzim e Vila do Conde se debatem:
a) Qualidade do ar.
b) Mobilidade automóvel.
c) Diminuição do ruído.
d) Contribuir para a menor dependência das reservas naturais não renováveis.
e) Diminuição das emissões de gases nocivos.
BOLINA contribui decididamente para que as cidades se tornem limpas, mais saudáveis e mais aprazíveis!
Como vais?
Apanho o BOLINA!
Nota: Este artigo foi por mim publicado no Blog do BOLINA.
cristina torres
sentidos-de-coimbra.blogspot.com

Tuesday, March 6, 2007

Imagens


Dedico este momento a um AMIGO, a seu pedido, escrevi "Imagens", e apontamentos à margem, aqui fica o testemunho de uma amizade.
"...Fica claro o quanto e o que deverias escrever?!"
Escrever na perspectiva, de deixar forma com rubor e sabor.
Engrandecemos, inovamos de aspecto, reformamos ideias, corrigimos fragilidades...
Nem sempre tomamos os melhores sentidos, mas apesar de tudo, continuamos presentes.
A voz que te deixo é demonstrativa de como enalteço, o que carrego no peito.
O que me é mais caro, o nosso cântico!
IMAGENS
A excelência, como todas outras imagens que aplicamos na vida,
encerram em si, intrincados e espinhosos significados,
de dificuldade máxima em descrever e traduzir.
Mesmo assim, usamos e abusamos, e quando paramos para reflectir...
Só aí constatamos, que a perfeição,
o sublime,
a beleza,
a afectividade,
o atingível,
a consciência,
a saudade,
a mágoa e o amor... e tantas outras imagens, estão para lá do que se vê, e do que se ouve!
Estas e tantas outras imagens estão, seguramente, para lá da veracidade, da pigmentação, do molde, da norma e até da exalação.
Penso que todas as máximas têm um único sentido, e frequentam-nos apenas uma vez, em toda a nossa vida.
Também penso que todos estes, e outros tantos conceitos estão nos olhos de quem os sente. De quem os descreve. De quem os respira.
O nascimento de um filho, é uma imagem sem-segunda!
O sorriso de um filho, é uma imagem ímpar!
O olhar meigo, terno, caloroso e aprazível dos pais, é uma imagem pura!
A beleza reflectida, num corpo de um amante, é uma imagem exclusiva!
Um encontro muito desejado, é uma imagem singular!
Um encontro inesperado, é uma imagem absoluta!
O olhar colorido dos amigos, é uma imagem incomparável!
O grito do silêncio do coração, é uma imagem principal!
Todos os instantes, na nossa vida, devem ser capazes de provocar no nosso olhar, a mais intensa consciência da nossa existência, então digo:
A benquerença arrastou-se!

Friday, March 2, 2007

Mutilação. Faz-se porque sim!

Onde acaba o hábito e o costume, recuso-me nominar-lhe tradição, e começa a legislação?
O assunto não é recente em Portugal, a 4 de Agosto de 2002, o Jornal "O Público", alertou para a possibilidade de se realizar, com relativa regularidade, a prática de Mutilação Genital Feminina (MGF), sobre população de origem africana, a residir no nosso país.
Apenas 12 países africanos possuem legislação ou recomendam a proibição da MGF!
Todos os anos 2 milhões de meninas suportam a MGF e 130 mulheres já gemeram a MGF, em todo o mundo!
A MGF é vulgarmente conhecida por Circuncisão Feminina, mas nada tem em comum com a Circuncisão Masculina. A MGF é um termo associado a práticas incidentes sobre os orgãos genitais femininos, e que tem uma origem cultural e não medicinal. Como tal, deve ser designada de MGF.
A MGF é inaceitável e ilegal, modifica o corpo daquelas que muitas vezes são demasiado jovens e desacordadas para levarem a sua voz mais alto. A MGF elimina o prazer sexual da mulher, e a sua prática acarreta sérios riscos de saúde para a menina, podendo mesmo ser fatal. Impulsionador de problemas psicológicos em muitas das vítimas deste gesto. É muito dolorosa, por vezes de forma permanente! Viola o direito de toda a jovem, de se desenvolver psicologicamente de modo saudável e normal.
Em que idade é praticada a MGF?
Assim que a menina é menstruada pela primeira vez.
Vários organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), tem enviado esforços para desencorajar a prática da MGF. A Convenção sobre os Direitos da Criança, assinada em Setembro de 1990, considera-a um acto de tortura e abuso sexual.
A MGF é um momento de mulheres para meninas. Faz-se porque sim! O grito só se amarra porque é um passo importante e nobre na vida destas meninas:
a) Aceita-se para aumentar a probabilidade da menina vir a casar, normalmente é o pai quem paga a "cirurgia", para que possa casar as suas filhas com homens, que não aceitam para suas esposas, mulheres que não sejam circuncisadas.
b) Podem gerar filhos, sem a MGF, não se gera vida.
c) Desencoraja a promiscuidade sexual, obrigando a mulher à fidelidade ao marido.
d) Evitam doenças, porque as mulheres se contêm nas relações sexuais.
e) Os orgãos genitais femininos são "impuros", têm de ser purificados com a extirpação.
f) Se não se extrair o clítoris, cresceria ali um pénis.
g) Para a mulher não "virar" lésbica.
h) Torna a mulher mais higiénica.
Acrescentam ainda que, durante o tempo de guerra, quando os homens saíam para combater, era preciso tornar as mulheres mais "frias", para que não procurassem o sexo com muita frequência.
E chegou o momento de submeter a menina à MGF, em algumas zonas a menina é embriagada, noutras não. Quatro mulheres prendem as pernas da menina a paus. A "especialista" munida de facas, pedaços de latas e vidros, inicia o seu trabalho. Existem três tipos de MGF: a mais frequente, corresponde a 80% dos casos, é a excisão parcial do clítoris e dos pequenos lábios. A outra forma de mutilar é a chamada circuncisão feminina, em que apenas se extrai o clítoris. O terceiro género é o mais impressionante, a infibulação, ou extracção completa do clítoris, juntamente com os pequenos e grandes lábios. Não existem suturas! Espinhos secos, ou qualquer outro objecto perfurante ligam as faces internas das coxas durante 40 dias! Nesta amálgama de carne viva é inserida uma cana, ou um tubo de plástico (nos meios mais desenvolvidos), para drenar a urina, outra urgência de sabor amargo...15% destas meninas morrerão de complicações "pós - cirurgia". Um longo e aflitivo processo de cicatrização é aceite de dentes cerrados e olhar voltado para dentro!
As meninas que sofreram a infibulação, sem dúvida as que mais padeceram, e onde a taxa de mortalidade é maior. No momento do parto, podem suceder complicações graves para as mães e para os bebés. Nesses momentos é imperioso que reabram a vagina à parturiente, para diminuir a pressão, por vezes fatal, do crânio e da coluna do bebé. Caso este procedimento não seja efectuado, a parturiente pode no momento da expulsão, rasgar desde a vagina até ao ânus.

São perturbadoras as atrocidades que o homem consegue infringir sofre o seu semelhante, em nome de uma tal "tradição", em pleno séc. XXI!

E faz-se, porque sim!