Sunday, November 28, 2010

contabilidade


contabilidade
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venho para te cortar os
dedos em moedas pequenas e
com elas pagar ao coração o
mal que me fizeste
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o pior amor é este, o que já é
feito de ódio também. o pior amor
é este, o que já é feito de ódio também. o
pior é o amor é este, o que
já é feito de ódio também
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valter hugo mãe, in contabilidade

Friday, November 26, 2010

coisinhas de meter no cu

coisinhas de meter no cu
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o menino reuniu as suas bonecas e
ralhou com elas. portaram-se mal quando
lhes pediu que fizessem silêncio na
hora de pôr a mesa. a cristiana e a barbie na neve
querem sempre ficar do seu lado. mas
não pode ser. o menino ouve as
bonecas chorarem noite inteira. ouve-as
como uma angústia constante
crescendo no seu próprio peito. cuidadoso,
antes de adormecer, deita-lhes um pequeno
candeeiro aceso sobre os olhos de vidro e
recomenda-lhes todo o amor do mundo. o amor,
explica, é ser uno com o que está apartado
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penteou uma a uma pacientemente. as suas
bonecas terão um domingo especial, agora que
lhes comprou um sofá vermelho, pequeno, à
medida dos seus corpinhos perfeitos. não há lugar
para todas, por isso, sabe que vai ter de as substituir
de meia em meia hora. estabelece as regras
pormenorizadamente. anuncia, a partir de hoje
a nossa casa está mais bonita, e esta beleza
deve contribuir para os nossos corações. quero que
os nossos corações se ponham de
festa, quero que exista senão alegria
o menino observou o sofá vermelho intenso, apreciou
como era incrível ali estendido o vestido da
elizabete, feito de tule muito branco
com um corpete de veludo dourado
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o pai bate-lhe no fim da tarde. chega a
casa cansado e não diz nada. e, sem dizer nada,
arranca-o do quarto de brincar e obriga-o a
ficar na cama. pela janela, vê o fim
da tarde a entristecer as casas, e fica à espera da mãe
como se pudesse o sol chegar de novo àquela hora.
e a mãe chega, fecha-se na sala a discutir com o
pai. o menino tira de sob a almofada o ken. gosta do
ken. tem quatro diferentes. o polícia é o seu
preferido. sonha sempre que um dia virá para prender o
pai levando-o para longe para o espancar sem
piedade. um pouco depois, a mãe estende os seus
raios por toda a parte. de tão brilhante, o menino
fecha os olhos ofuscados e abraça-se a ela a ver
só por dentro
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o joaquim não gosta do ken. o menino disse que
lho deixava para assumir a barbie na
neve. mas ele nem assim aceitou. o menino
não o obrigava a ser a barbie. e não se importa
nada de fazer esse papel. mas o joaquim
não quis mesmo. passou com o seu tractor por cima do
boneco e foi-se embora. o menino
ficou zangado. mas os melhores amigos , diz a mãe
também se zangam. por isso, ficou à espera que
ele viesse falar consigo. eu posso
brincar com a bicicleta, dizia, podemos ir lá abaixo
até ao mosteiro ver as campas antigas de pedra. depois,
pensava, talvez ele aceite ser o ken. o ken polícia,
que deixou no sofá vermelho para que se
anime, porque não se passa assim com um
tractor por cima da autoridade. o papá
deixa-te ficar no sofá a tarde inteira. tirou a
elizabete e pô-lo ali sentado, subitamente mais feliz
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o pai afastou a mãe da frente e
voltou a puxá-lo. sempre que o faz
marca-lhe os braços com as mãos
apertadas sobre a pele como aguilhões. o menino
estendeu-lhe o ken e disse entre dentes, está preso e
és um filho da puta. mas ele não parou de
lhe bater, por mais que visse o ken fardado,
tão furiosos os dois
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a mãe ficou a ver-lhe o rabo a inchar à força do
sapato. o pai pensava que
as bonecas da mariana não podiam ser de
outra pessoa. a mãe sentou-se, depois, no sofá e
tomou o menino ao colo. então, o menino chorou e
espremeu contra o peito o homem-aranha, que
lhe fez uma teia de protecção
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outro dia, o pai pegou fogo ao quarto de brincar.
não avisou. disse, no fim, vai ver o que sobrou das tuas
coisinhas de meter no cu. o menino não foi ver. morreu.
tombou no chão e morreu
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no dia seguinte, ele era outra pessoa. viu tudo e
todos com novos nomes e deixou de brincar com
bonecas. compreendeu a diferença entre
as pessoas e os brinquedos mudos. procurou o
joaquim, sorriu como nunca, e foi com ele ver as
campas de pedra antigas
com o prazer inaudito de, certo modo, também já estar
sepultado
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valter hugo mãe, in contabilidade

Tuesday, November 23, 2010

Crise Social

Encontra entervista na integra a Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar, no Jornal Expresso de 20 de Novembro de 2010, aqui ficam algumas passagens...
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"O que se passa é tão penalizante e há situações tão socialmente injustas, criadas com o corte das prestações sociais, que neste momento existe o maior risco de implosão social em Portugal desde o 25 de Abril. Sinto, e as instituições que estão no terreno também, que há um desconforto sem esperança, um desconforto com raiva que pode minar a sociedade. Há uma tensão latente, muito perigosa. Se surgir uma força política a manipular os pobres, vai correr mal."
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"E também a certeza de que a maior parte das pessoas de 48 , 50 anos que caem hoje no desemprego nunca mais vão ter um emprego. É o desemprego sem esperança. Pessoas que ficam destruidas em termos pessoais porque têm de enfrentar uma falha que não é delas mas que parece ser. O estado de tristeza e depressão impede-as de recomeçar. E é ver os jovens acabados de sair das faculdades e que só arranjam empregos precários e subqualificados. Vinham para o mercado cheios de garra e perderam o élan inicial. Estamos a cortar-lhes a esperança. E o problema é não haver solução para toda esta mão de obra desocupada. Além de um desperdício, é um perigo."
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"O Banco Alimentar apoia instituições, 1830 a nível nacional. Mas há cada vez mais pessoas a pedir-nos ajuda diretamente, principalmente por telefone, mas também por e-mail. Já temos duas pessoas a trabalhar exclusivamente no encamenhamento dsetes casos."
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"Pois, mas tomámos a decisão de admitir mais instituições na rede de ajuda, porque nos apercebemos de que estavam a atingir os limites, humanos e físicos. Muitas instituições têm mais pedidos de ajuda, mas não podem, de repente, acolher mais cem pessoas no refeitório."
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"A maior parte das instituições está no limite. Não pode ajudar mais pessoas. Setúbal e o Grande Porto são as regiões mais afetadas."
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"Num bairro social que conheço bem vejo imensas mulheres que vivem do Rendimento de Inserção (RSI), mas a quem nem sequer é exigido que varram e limpem o seu próprio bairro. Há uma desresponsabilização total. Muitas pessoas perderam o gosto pelo trabalho ou desabituaram-se de trabalhar duro..."
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"Neste momento o drama é que as pessoas já nem sequer têm força para pegar na cana. Além de que a maior parte dos rios estão secos."
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"O Estado Social matou muita da iniciativa da sociedade civil porque as pessoas encostaram-se. Terão agora de aparecer novas soluções, sem depender do estado, contando com a energia das pessoas em torno de um mesmo ideal: recuperar Portugal. É absolutamente necessário haver uma salvação nacional. Os portugueses deixaram de acreditar, mas o país tem imenso potencial. Não podemos é estar impávidos à espera que alguém nos diga como ajudar. Cada um tem de ir à procura do que pode fazer pelo seu país. A partir da sua casa, da sua rua, do seu bairro."
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"Não tenho dúvidas que foi um fator indutor de pobreza (a respeito da introdução do euro). Um euro são 200 escudos, mas a maior das pessoas faz as contas como se fosse cem. Alterou-se o refencial das pessoas, mas não se alteraram proporcionalmente os rendimentos."
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"Apesar dos milhões que se têm gasto em estudos e projetos (para combater a pobreza), muito pouco se fez para conhecer as suas reais causas. É esse o objetivo do Observatório da Pobreza que lançamos amanhã."
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"Este ano estendemos a campanha ao Facebook. As pessoas que jogam Farmville, por exemplo, podem trocar os seus créditos por alimentos."

contalibidade/poesia completa


Apresentação do livro contabilidade/poesia completa de valter hugo mãe, da editora objectiva decorrerá no dia 25 de Novembro, pelas 21h30, na Livraria Centésima Página em Braga. Paralelamente, ocorrerá exposição de ilustrações a alma ao diabo a preços trágicos do mesmo autor.
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Consultar as ilustrações em http://almaaodiabo.blogspot.com

Monday, November 22, 2010

Pedro Abrunhosa - Coliseu Porto

Amanhã, dia 23 de Novembro, decorrerá no Porto concerto de Pedro Abrunhosa.
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Este concerto será gravado em formato 3D e em Alta Definição para transmissão em directo no canal MEO. Trata-se de uma iniciativa pioneira em Portugal e sem precedentes entre os artistas portugueses.
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O palco? Será um dos mais emblemático do país, o Coliseu. E eu? Estarei na linha da frente. Sempre por perto!
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Pedro Abrunhosa terá como convidados Rui Veloso e Cristina Massena.

Thursday, November 18, 2010

... tem um sentido especial!


Hoje, para mim, é um dia especial. Sinto-me mais bonita. E os amigos mimam-me demais!
Acho-me alegre.

Monday, November 15, 2010

Tinha de o fazer


Tinha de o fazer. Seria imperdoável não partilhar, aqui, este momento.
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Poderá encontrar, na íntegra, a entrevista de Ricardo Araújo Pereira a António Lobo Antunes na Revista Visão de 28 de Outubro de 2010.
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"Em criança, escrevia com um livro aberto à sua frente, para enganar um adulto que o surpreendesse quando devia estar a estudar.
Hoje, continua a escrever com um livro aberto diante de si, como se a escrita fosse ainda uma espécie de transgressão infantil."
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"Há uma história engraçada do Walt Whitman. Ele estava num velório e havia uma criança ao pé dele. Agarrou na miúda, mostrou-lhe o caixão e perguntou:«Tu percebes? Eu também não.» É uma incompreensão perante a morte... Eu nunca tinha visto a morte. Vi esse enterro de criança, em Nelas, e não voltei a vê-la: eu era o filho mais velho de dois filhos mais velhos, os meus avós tinham 40 anos. Só voltei a vê-la quando entrei na faculdade de Medicina, no teatro anatómico, tinha acabado de fazer 17 anos. E pensei: não sou capaz de ver, não sou capaz de olhar. É uma total incompreensão de mim."
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"Nunca ninguém morre nos meus livros, passam é a viver de maneira diferente. O meu pai, depois de morrer, continuou a mudar, a existir dentro de mim. E continuámos a falar. Até que chega uma altura em que estamos em paz e o nosso diálogo é de tal maneira perfeito que nem sequer necessitamos de palavras. E depois sentimos que estamos a viver também por eles. Eu estou a viver pelas pessoas de quem gostei e que, para mim, continuam vivas. Mas, ao mesmo tempo, quando escrevemos, estamos tão ocupados a resolver os problemas técnicos que não sabemos muito bem para onde estamos a ir."
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"Há uma coisa muito mais importante do que o talento: é a bondade. E como, para mim, o defeito mais grave é a ingratidão, a única coisa que eu sempre achei que tinha era a capacidade de escrever coisas em que pudesse dar às pessoas de quem gostava aquilo que não era capaz de lhes dar. Por pudor, por vergonha, por cobardia, talvez, por estupidez. Está a ver? Tomem lá, isto sou eu. Tomem. É para vocês. É um presente que eu fiz. Quando um dos meus irmãos era pequenino, o meu pai fez anos e o presente que o miúdo lhe deu foi uma torrada embrulhada num guardanapo de papel. Nunca vi o meu pai tão comovido. Uma vez, uma das minhas filhas, quado era pequenina, deu-me 25 tostões, nos meus anos. Foi o melhor presente que me deram. Estou a dizer isto e estou a comover-me porque [pausa] nunca me deram tanto dinheiro."
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" Qualquer bom escritor está a ensinar-nos a lê-lo. Por exemplo, eu aprendi a ler o Conrad com o Conrad. Ao princípio, não percebia nada, parecia-me uma confusão. O Gogol. Aprendi a lê-los com eles. O Dylan Thomas, que, à primeira vista, parece uma catadupa de imagens sem sentido. E não é. É muito mais que isso, somos nós todos. E então, a minha gratidão para com os artistas é imensa."
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"É quando o livro deixa de ser livro para se tornar nós - nós, leitores. Acontece-me tanto. Às vezes a gente descobre um bom escritor. Descobri, há relativamente pouco tempo, o Cormac McCarthy. Muito bom. O Kostolányi, o húngaro. Muito bom. Eles escreveram só para mim. Os outros exemplares trazem coisas diferentes. Eu não gosto de emprestar livros, porque o meu exemplar é que é. Como acho que o Monte dos Vendavais foi escrito só para mim. Ela está a falar comigo, ele conhece-me. Ela conhece-me."
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"Eu lia Redol e não gostava nada. E um dia percebi. Ele (o escritor referia-se a José Cardoso Pires) mostrou-me uma carta que o Redol, que estava a morrer no Santa Maria quando eu era estagiário, lhe escreveu. Uma carta em papel timbrado de um hotel O timbre era uma coisa muito pomposa. E o Redol despede-se. Zé, nunca mais te vou ver, fui muito teu amigo, e tal... P.S.: Já viste papel de carta com mais mania? O Zé disse:«Foi a única vez que eu chorei como uma criança.» E o Zé, quando chega a altura de De Profundis, escreveu aquele livro pequeno porque já não era capaz de o escrever grande."
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"A mim, o que me deu vontade de escrever foram o Almanaque Bertrand, o Pato Donald, o Mandrake... Foi por causa disso que eu comecei a escrever. Estava sozinho, escrevia, e depois é um milagre, para uma criança, que as palavras, postas à frente umas das outras, façam sentido. Até que descobrimos que há uma diferença entre escrever bem e escrever mal. E, aí, pelos 20 anos, descobre-se que, entre escrever bem e uma obra-prima, há uma diferença ainda maior, e que só vale a pena escrever para ser o melhor. Para fazer aquilo que nunca foi dito. Como é que eu hei-de explicar? Eu sinto-me um elo de uma corrente que começou muito antes e acabará muito depois. E quem escreve? Quando escrevemos, quem é que escreve? Quem é que, através da nossa mão, se exprime? Quem? Não sei. A gente só tem perguntas, e quando encontra respostas elas transformam-se em novas perguntas."
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"Recebi um telefonema de França. «Está? Chamo-me Jean Daniel.» Jean Daniel era um ídolo da minha juventude. Diretor do Nouvel Observateur. Foi através da crítica literária do Nouvel Observateur que eu vim a saber do boom sul-americano, que estava a acontecer nessa altura. Portanto, era um homem a quem eu devia muito. E o senhor telefona-me e diz:«Eu tenho 89 anos e gostava de o conhecer antes de morrer.» Isto é tudo tão comovente, não é? Tenho tido muita sorte. E depois são os amigos desconhecidos. No outro dia, estava à procura de uma rua até que entrei num cafezinho pequeno para perguntar. Dois homens levantaram-se e levaram-me lá. O que isto vale... Diga lá se uma pessoa merece isto... Não merece. Tinham lido os livros, é extraordinário."
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"É preciso acreditar nas pessoas. As pessoas são tão mais ricas do que elas mesmas pensam."
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"...Eu poderia pagar menos IRS se invocasse o cancro, e fui incapaz de o fazer. Tinha vergonha. Era uma inferioridade minha. Só pensava: que diferente que isto é da guerra. Porque, na guerra, há uma coisa que está fora de mim e eu posso dar-lhe um tiro. Aqui, não posso fazer nada. Lembro-me de, quando estava a fazer radioterapia, dizer:«Morre, morre, filho da puta.» Insultava o cancro.[Risos.]"
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"Eu, infelizmente, não sou uma pessoa feliz, nem alegre. Tenho dois ou três amigos que são, e tenho uma inveja imensa deles. Primeiro, porque pertenço à classe dos eternos culpabilizados. Culpado de tudo. E, depois, às vezes, penso: porque é que a gente sofre tanto? E sofrer por nadas."
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Ó Ricardo, não sei, ainda não morri. Mas a gente não pode levar a morte a sério. Há que a ceitar a morte como a impostora que é. Uma vez perguntaram ao Hemingway o que ele achava da morte, e ele disse: «Outra puta.» E venceu-a. Ele dizia: um homem pode ser destruído, mas não pode ser vencido. [Pausa.] Tinha razão, não tinha?"

Tuesday, November 9, 2010

Quanto maior é o salto...

Quanto maior é o salto, maior é a queda! Diz o ditado e é bem verdade!
No caso era salto mas no plural, saltos portanto. Altos. Bem altos e de plataforma - como convinha.
Pareceu-me uma queda equivalente a uma altura de um 2º andar!!!
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Aconteceu-me hoje!

Monday, November 1, 2010

A Fatura Geral do Estado


Aquilo que Teixeira dos Santos apresentou não é bem um orçamento. Já é a fatura.
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É sabido que, em termos de crise, a criminalidade aumentada, mas a capacidade criativa dos bandidos portugueses consegue ser sempre surpreendente.
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É evidente que há, no Ministério das Finanças, uma confusão enorme relativamente à natureza dos documentos comerciais. Aquilo que Teixeira dos Santos apresentou não é bem um orçamento. Já é a fatura. E temos uma conta calada para pagar. Bem vistas as coisas, Portugal não é bem um país, é um mau negócio: é demasiado caro para aquilo que oferece.
(...)
Recordo que este Orçamento vem impor austeridade à política de austeridade anterior, que não se revelou suficientemente austera. Tendo em conta a capacidade que a crise tem tido para resistir aos nossos sacrifícios, é possível que haja novas medidas de austeridade em breve. Um novo aumento de IVA parece fora de hipótese, e torna-se cada vez mais difícil reduzir os salários quando começa a não haver salários para reduzir. Prevejo a obrigatoriedade de cada cidadão oferecer dois litros do seu sangue ao governo. O suor já levaram todo.
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Ricardo Araújo Pereira, in Visão 21 de Outubro de 2010