Agora é o apagão no Instituto Nacional de Estatística (INE).
O INE vai mudar - mas atenção! -, em pleno ano de crise económica e social, a metodologia de recolha e actualização de informação. Até agora, esta recolha era efectuada através de entrevistas presenciais que serão substituídas por entrevistas telefónicas.
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Esta, aparente, pequenina alteração vai trazer estragos elevados no que diz respeito a análise e processamento de dados quando pretendermos compará-los com períodos homólogos, ou, melhor dizendo, não poderão ser comparados - afirmou o INE.
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Porquê agora? Porquê neste momento tão sensível? Estas são algumas perguntas que apresento.
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O INE, prevendo estas questões, adiantou-se nas explicações, dizendo que começaram a existir "algumas dificuldades" na colaboração por parte das pessoas na obtenção das respostas.
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É pena não poderem ver a minha expressão facial, mas neste momento estou com aquele ar meio amarelo... incrédula! Mesmo assim, ainda me assaltam mais perguntas, por exemplo: Seriam as pessoas tratadas com a dignidade que se impõe?; Estariam presentes as condições de privacidade necessárias?; E quanto aos funcionários, teriam a postura, espaço e a formação necessárias e adequadas para exercerem a recolha destes dados?; E agora, estará o INE certo de reunir os contactos telefónicos actualizados?; Saberá que uma grande parte das pessoas já não tem telefone fixo?; E quanto aos telefones móveis, saberá que muitas pessoas hoje tem um numero e amanhã poderão ter outro?; E os custos de estabelecer ligações telefónicas para redes móveis, estarão contempladas?
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Mas que trapalhada vai sair daqui!!! Trata-se apenas da minha antevisão. É certo!
Parece-me um apagão oportuno. Digo oportuno e reforço-o, pois neste ano tão extraordinariamente complicado e sensível a quem não interessará estabelecer comparações com indicadores clássicos de mercado de emprego em Portugal? Taxas de desemprego? Ritmos de criação de postos de trabalho? Ritmos de destruição de postos de trabalho? São tudo questões relacionadas com estatísticas, informações úteis e necessárias para quem deseja compreender o percurso que Portugal estará a tomar.
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Parece-me mesmo oportuno... este tal apagão!
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O ar amarelo com que fiquei, afinal é figado!!!