Thursday, July 30, 2009
Tuesday, July 28, 2009
Monday, July 27, 2009
Sunday, July 26, 2009
Friday, July 24, 2009
Monday, July 20, 2009
Aguardo...
.
Acordei de muitos sonhos, não digo de todos os meus sonhos, porque existe sempre mais algum por fazer cumprir. Mas, acordei… ou acordaram-me (para o caso, agora, tanto faz!)!
Sentada com os braços cruzados em cima do peito, espero… e, aguardo não me desmoronar!
Sentada com os braços cruzados em cima do peito, espero… e, aguardo não me desmoronar!
Sunday, July 19, 2009
Thursday, July 16, 2009
Parabéns Paulinha!
Paulinha, quando li este poema pela primeira vez – em Junho último –, lembrei-me imediatamente de ti. Guardei-o por isso.
Hoje, partilho as palavras e o sentido contigo! (Queres?)
Queres?
Queres? (No ar, a interrogação vibra como
uma onda invisível.)
Queres? (Pelo silêncio, não sei quem és, não
sei a razão em mim que te deseja.)
Queres? (É quase de manhã e poderíamos
esquecer tudo, fazer as malas, dormir
finalmente.)
Queres? (Uma porta talvez aberta para talvez
um abismo ou um deus.)
Quero. (Já não podemos fugir aos nossos olhos
inimagináveis, inalcançável é o cansaço.)
Quero. (A luz do quarto continua acesa sobre
a luz da manhã, tornamo-nos artificiais.)
Quero. (Os nossos corpos, claro, sempre os
nossos corpos, sempre apenas os nossos únicos
corpos.)
Quero. (Tarde demais.)
José Luís Peixoto, Gaveta de Papéis
Hoje, partilho as palavras e o sentido contigo! (Queres?)
Queres?
Queres? (No ar, a interrogação vibra como
uma onda invisível.)
Queres? (Pelo silêncio, não sei quem és, não
sei a razão em mim que te deseja.)
Queres? (É quase de manhã e poderíamos
esquecer tudo, fazer as malas, dormir
finalmente.)
Queres? (Uma porta talvez aberta para talvez
um abismo ou um deus.)
Quero. (Já não podemos fugir aos nossos olhos
inimagináveis, inalcançável é o cansaço.)
Quero. (A luz do quarto continua acesa sobre
a luz da manhã, tornamo-nos artificiais.)
Quero. (Os nossos corpos, claro, sempre os
nossos corpos, sempre apenas os nossos únicos
corpos.)
Quero. (Tarde demais.)
José Luís Peixoto, Gaveta de Papéis
Monday, July 13, 2009
Até depois
Disse baixinho, como quem fala para si: da próxima vez,
podes procurar-me no céu.
Foi como se um odor gelado te tocasse…
Nenhum, de nós, ousou falar. E,
os nossos olhares cruzaram-se uma última vez…
Segui o meu caminho.
Silenciosa. Reprimi os soluços.
Não me virei.
E para sempre levei a imagem!
Estás a ver esta maneira desengraçada de ser?
Olha... ficou-me!
Sunday, July 12, 2009
Agarrado a mim!
Saturday, July 11, 2009
Lá longe, há diferenças que não fazem diferença!
«Eu sei que isto parece uma frase feita, mas tinha a sensação nítida de que haviam passado muito mais de que três noites e os quatro dias que nos haviam trazido até ali. Parecia-me que já tínhamos vivido um bocado de vida imenso e tão forte que era só nosso e nós mesmo não falávamos disso, mas sentíamo-lo em silêncio: era como se o segredo que guardávamos fosse a própria partilha dessa sensação. E que qualquer frase, qualquer palavra, se arriscaria a quebrar esse sortilégio. Sentia-me tão íntimo e tão próximo dela, que tive necessidade de o sentir também fisicamente.»
«A maior parte do tempo, porém, o que nós partilhávamos era o silêncio. E isso eu aprendi contigo, porque não sabia. Para mim, o silêncio era sinal de distância, de mal-estar, de desentendimento. Ao princípio, quando ficávamos calados muito tempo, eu sentia-me inquieta, desconfortável, e começava a falar só para afastar esse anjo mau que estava a passar entre nós.
Um dia tu disseste-me:
- Cláudia, não precisas de falar só porque vamos calados. A coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silêncio.»
«Anos mais tarde, já estava doente, voltei a lembrar-me dessa nossa conversa. Tinha acabado de te escrever uma carta – mais uma, talvez a terceira – que nunca te cheguei a mandar e que destruí depois. E, escrevendo, poupei as coisas que gostaria de te ter dito e que gostaria que tivesses ouvido. Cheguei quase a convencer-me de que bastava escrever-te para tu me ouvires, mesmo que nunca tenha chegado a pôr a carta no correio. Porque era tão sentido e tão magoado, tão distante, o que te dizia nessas cartas, que quase acreditei que tu não podias deixar de me ouvir.»
«Queria que me ouvisses e que falasses comigo. Mas não te queria ver, não queria que me visses. Assim.»
«Sim, de vez em quando falávamos ao telefone. Tu telefonavas-me para o trabalho, a telefonista anunciava o teu nome e passava-me a chamada, e eu fechava os olhos por um instante antes de atender, como se assim pudesse ver-te outra vez lá longe, onde juram que as grandes dunas brancas que nos rodeiam se movem todos os Verões e onde as estrelas à noite eram tão próximas que parecia que se estendêssemos a mão conseguiríamos tocar-lhes e eu dizia-te, à porta da tenda:
- Xiu, ouve o ruído das estrelas!»
«Depois disso, voltei onze vezes ao Sahara. Nunca como contigo, nunca tão fundo, tão longe, tão perdidamente. Mas voltei, porque o deserto tornou-se quase um vício e a minha íntima religião, o único divino a que prestava contas e onde me reencontrava. E, de cada vez que voltei, pensei em ti e pensei como seria bom, incrivelmente bom, voltar contigo. Nessas alturas, como nas outras, eu repetia a mim mesmo: “Não há regresso. Há viagens sem regresso nem repetição.”»
«Quando tudo era bonito de mais ou duro de mais, tu ficavas calada a olhar silenciosamente. Falámos sobre isso uma vez, e eu disse-te que a vida me tinha ensinado que fácil era o ruído, as conversas sem sentido, a banalidade das palavras ditas sem necessidade alguma. De nós os dois, tu eras, sem dúvida alguma, a mais calma, a mais feliz tranquilamente. A mais atenta, a mais disponível para o vazio e o silêncio. Ah, não te rias, eu observei-te bem, sei do que falo!»
Miguel Sousa Tavares, No teu deserto
(Quase Romance)
Thursday, July 9, 2009
(Filha) Acordei hoje contigo no coração
.
Deixo-te aqui um beijinho.
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
Tuesday, July 7, 2009
Thursday, July 2, 2009
De alguma maneira caracterizam-nos
“E a voz o que é? É uma forma de ver, de pensar, de sentir, e de raciocinar sobre as coisas, uma perspectiva de futuro, uma outra perspectiva de passado, que há que vê-lo em perspectiva e com domínio da língua. Um conhecimento dela tão profundo quanto se possa, que não tem necessariamente que passar pelos escritores para passar a língua. Não tem de estudar a língua tem é de ler aqueles que escreveram melhor que ele. É a ler! Mas cada um de nós é único e irrepetível e quando escrevemos algo da nossa personalidade, ou da nossa visão do mundo, ou do nosso léxico particular, que também é geral, mas cada um de nós comunica-se com um grupo de palavras que podem ser outras, que podem alargar-se, que podem contrair-se – de alguma maneira caracteriza-nos. As palavras que usamos em maior ou menor percentagem, quantidade ou frequência acabam por traçar um retrato nosso.”
João Céu e Silva, in Uma longa viagem com José Saramago
João Céu e Silva, in Uma longa viagem com José Saramago
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