(…)
Quanto mais penso no assunto, mais relutância tenho em abordar o tema do eu. Gostaria, isso sim, de saber mais coisas sobre a realidade objectiva daquilo que está para além de mim. Até que ponto o mundo à minha volta é importante para mim, de que modo é que, ao estabelecer uma ligação com esse mesmo mundo, mantenho o meu sentido de equilíbrio. Só assim poderei ter a percepção objectiva de quem sou.
É este o género de ideias que desde a adolescência me tem passado pela cabeça, ou, dito de uma maneira mais solene, que me tem servido para construir a minha visão do mundo. Tal como um pedreiro assenta um tijolo em cima do outro com a ajuda do fio-de-prumo, também eu arquitectei no meu interior esta maneira de pensar. De uma forma mais empírica do que lógica, mais pratica do que teórica. E, por falar em experiencias, devo dizer que transmitir este meu ponto de vista aos demais não se me afigura propriamente a tarefa mais fácil do mundo. Fala quem sofreu na pele as agruras do destino.
Talvez por isso, habituei-me desde muito novo a traçar uma fronteira invisível entre mim e os outros. Fossem eles quem fossem. Comecei desde muito cedo a adoptar uma distância razoável e a mantê-la, sem nunca deixar ao mesmo tempo de estudar cuidadosamente a atitude dos meus interlocutores. Aprendi a não engolir todas as histórias que as pessoas me contavam. Os livros e a música têm sido a minha única paixão e, como devem calcular, levo uma vida solitária.
(…)
Haruki Murakami, in Sputnik, meu amor
Quanto mais penso no assunto, mais relutância tenho em abordar o tema do eu. Gostaria, isso sim, de saber mais coisas sobre a realidade objectiva daquilo que está para além de mim. Até que ponto o mundo à minha volta é importante para mim, de que modo é que, ao estabelecer uma ligação com esse mesmo mundo, mantenho o meu sentido de equilíbrio. Só assim poderei ter a percepção objectiva de quem sou.
É este o género de ideias que desde a adolescência me tem passado pela cabeça, ou, dito de uma maneira mais solene, que me tem servido para construir a minha visão do mundo. Tal como um pedreiro assenta um tijolo em cima do outro com a ajuda do fio-de-prumo, também eu arquitectei no meu interior esta maneira de pensar. De uma forma mais empírica do que lógica, mais pratica do que teórica. E, por falar em experiencias, devo dizer que transmitir este meu ponto de vista aos demais não se me afigura propriamente a tarefa mais fácil do mundo. Fala quem sofreu na pele as agruras do destino.
Talvez por isso, habituei-me desde muito novo a traçar uma fronteira invisível entre mim e os outros. Fossem eles quem fossem. Comecei desde muito cedo a adoptar uma distância razoável e a mantê-la, sem nunca deixar ao mesmo tempo de estudar cuidadosamente a atitude dos meus interlocutores. Aprendi a não engolir todas as histórias que as pessoas me contavam. Os livros e a música têm sido a minha única paixão e, como devem calcular, levo uma vida solitária.
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Haruki Murakami, in Sputnik, meu amor
1 comment:
Quem ama os livros e a música nunca está verdadeiramente só...
Um beijinho
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