Wednesday, August 25, 2010

"O rosto" e "As mais belas coisas do mundo"

"Subitamente, enquanto fazia eu também as minhas letras - e eu desenhava já muito bem todas as vogais - percebi que uma menina se distraía a ver nada. Via nada como se fosse alguma coisa. Tinha o rosto parado e apontado para o tecto e, embora de olhos abertos, ficava estranha, como se adormecida. O rosto dela, ali todo à flor da pele, pareceu-se realmente com o distante da paisagem. Veio à sua expressão uma lonjura que impossibilitava, a quem a visse, perceber com nitidez o que se passava no seu pensamento."
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"Percebi que para dentro de nós há um longo caminho e muita distância. Não somos nada feitos do mais imediato que se vê à superfície. Somos feitos daquilo que chega à alma, e a alma tem um tamanho muito diferente do corpo."


"Foi sempre como aprendi tanto do que não sabia. Como aprendi que o dinheiro tem valor em troca de objectos; como aprendi que uma semente aninhada num bocado de algodão húmido pode rebentar num pé de feijão; como aprendi que debaixo da terra vivem bichos escavadores que não gostam de luz; e como aprendi também que a minha avó ficou doente e precisou de morrer."
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"O meu pai disse-me que o avô estava muito feliz por mim e gostava muito de passear comigo a ensinar-me tudo o que havia para aprender, mas ficara já muito velho e tão cansado que morrer foi como ficar sossegado."
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Em Setembro disponíveis na livrarias.

3 comments:

Anonymous said...

Ok, em Setembro vamos lá comprar! Cristina estes livros são para crianças?

Gostei do que li.
Beijo
JMC

Anonymous said...

É com doce ternura que olho as outras PESSOAs, bebendo da criação que fiz com o Mestre valter hugo mãe. Traz-me grande felicidade a sua escolha. Alguém (no anterior comentário) pergunta, se são livros para crianças... e eu considero que são livros para crianças até à 5.ª idade :) :) :), desde que possamos ser capazes de deixar fluir a beleza sublime do que nos cerca e vemos com o coração. Um abraço especial pela divulgação. Paulo Sérgio BEJu

sentidos de coimbra said...

As palavras, em "As coisas mais belas do mundo", ganharam um encanto maior graças à força do traço que as acompanha. PARABÉNS pasra ti também!

Paulo é com muita ternura que registo a tua passagem por aqui.
Um beijo daqui até à Madeira. Volta sempre.

Cristina