Monday, October 17, 2011

Ao mesmo tempo!


Quase sem pensar, ou, sem pensar de todo, estico o braço e com muito cuidado vasculho. É preciso não derrubar nada. As flores, lá de casa, estão sempre milimetricamente alinhadas - aliás como quase tudo. Com as pontas dos dedos encontro-as. Encontro-as sempre. Depois, com as chaves na mão, pouso, finalmente, o olhar naquele vaso, no vaso de sempre e deixo-o por lá. Lá dentro, guio-me apenas com o coração… Alvoraçada, preparo-me. Alinho o cabelo na expectativa de alinhar as ideias também. Procuro o ar mais familiar, as palavras mais amenas e os sons que me fizeram sorrir e sorrir, vezes sem conta! É nesse momento que me sinto a entrar, e sem dar por isso, afasto-me no tempo!

Respiro cada instante, cada recanto perdido, cada objecto e subo no tempo! Enlaço-me nos cortinados e deixo-me invadir pelo odor a lavado que me abraça! O calor da casa vai aquecendo as memorias e vivo feliz cada recordação! Depois de tanto tempo, só as memorias permanecem imutáveis, são as únicas que confirmam que regressei ao mesmo sitio. Ao mesmo tempo!


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