Saturday, April 26, 2008

Pedra Filosofal



Que bom, (re)actualizar esta melodia!


Pedra Filosofal,
..
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos,
que em oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, paço de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão, in Movimento Perpétuo, 1956

Friday, April 25, 2008

Dia da Liberdade


25 de Abril 1974
Todos os dias!

Wednesday, April 23, 2008

A consciência dos Sonhos


É com o tema da comemoração do dia Mundial do Livro que encetou hoje, pelas 18h00, em Portugal a exposição José Saramago – A consciência dos Sonhos, trata-se de uma viagem por uma vida dedicada à palavra. Esta mostra abriu as portas da Galeria de Pintura do rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda, no seguinte horário: todos os dias, com excepção da quarta-feira, das 10h00 às 19h00. A exposição, da vida de Saramago, estará disponível até dia 27 de Julho de 2008, depois sairá para o Brasil, Argentina, México e a última paragem será em Espanha, na Biblioteca Nacional de Madrid. Na abertura estiveram presentes, de entre outras personalidades, e para além do escritor, José António Pinto Ribeiro, Ministro da Cultura, e do seu homólogo espanhol, César Molina.
Esta exposição é o culminar do trabalho de investigação, desenvolvido ao longo de mais de dois anos, pelo Comissário Fernando Gómez Aguilera. É um projecto da Fundação César Manrique, com sede em Lanzarote. Gómez Aguilera deixou um recado ao Governo português, afirmou esperar que o executivo “seja sensível e faça com que este material fique em Lisboa”.
A missão, desta singular exposição, consiste em ilustrar a obra literária e o pensamento crítico do Nobel da Literatura português, com um suporte de mais de 1.200 documentos originais, do escritor. Trata-se da maior mostra jamais realizada sobre a vida e obra de José Saramago. Inaugurada em Lanzarote, no final do ano passado, coincidiu com um período de grande fragilidade na saúde do escritor. “Por motivos de saúde que todos conhecem quando a exposição inaugurou em Lanzarote não a vi como se justifica”, recordou Saramago.
A sua próxima obra, “A viagem do Elefante”deverá sair, em Portugal, no Outono.

Fica a certeza de viver Saramago em Lisboa, e poder recordá-lo todos os dias, em linhas da memória que os seus vivos livros encerram, pelo menos... em mim!

Tuesday, April 22, 2008

Por me apetecer outra vez


Hoje, Pedro Abrunhosa porque sim!
Ilumina-me

Gosto de ti como quem gosta do Sábado,
Gosto de ti como quem abraça o fogo,
Gosto de ti como quem vence o espaço,
Como quem abre o regaço,
Como quem salta o vazio,
Um barco aporta no rio,
Um homem morre no esforço,
Sete colinas no dorso
E uma cidade para mim.

Gosto de ti como quem mata o degredo,
Gosto de ti como quem finta o futuro,
Gosto de ti como quem diz não ter medo,
Como quem mente em segredo,
Como quem baila na estrada,
Vestido feito de nada,
As mãos fartas do corpo,
Um beijo louco no porto
E uma cidade para ti.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Thursday, April 10, 2008

Metamorfose


Ó homem que passas tranquilo na rua
atrás de qualquer próximo perfume
e chegas a casa sem incidentes
ó homem que tens à espera de ti
virada a esquina da rua e do tempo o teu próprio rosto
não tenhas pena de quem morre
de árvore para árvore
e é diferente no princípio e no fim da rua
.
.
..................................Ruy Belo

Wednesday, April 9, 2008

Ensejo


Creio-te em sítios que percorreste com as mãos,
sítios que a vista não alcança...
Sítios onde só acerco com a virtude da imaginação, e
fico, e demoro-me…
Sabes o que sinto? O que sentiste!

O futuro



"O futuro é constituído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia todos os outros"

Alvin Tofller