Saturday, December 31, 2011

Ao ano novo


A todos um excelente ano novo! Já agora, preparemo-nos com os mantimentos indispensáveis: Imaginação, energia, determinação e muito amor. Reforço: Muito amor! Um amor muito intenso para não sentir o quanto este país nos vai aleijando!

Wednesday, December 28, 2011

Hingis


Acho que vou desmaiar numa outra margem qualquer. Se não vou, pelo menos é o que me parece e é meu desejo! Desmaiar. E demorar-me e ficar-me por lá, numa margem onde o azul e o verde se misturem! Num sitio onde o silêncio e a ausência sejam retemperadores e, acima de tudo, pacificadores.

Sunday, December 25, 2011

Feliz Natal

Desejo a todos os meus amigos e
visitantes um FELIZ NATAL!

Saturday, November 19, 2011

Um corpo doido de medo

Sentes agora? Sentes essa força estranha que te impede de pensar mais e mais longe, e até, mais perto de nós? Sentes essa sede? Essa vontade desgovernada? Profunda urgência - digo-te eu!

Lembrei-me agora, há muito tempo que gostava de deixar entrar aquela luz, aquele tempero constante e ameno, nas palavras que, tão delicada e teimosamente pousávamos na cama. Uma e outra, e mais outra ainda, e depois tantas. Muitas mesmo. Palavras que construímos com as nossas bocas, com as nossas mãos e até com os olhares que fomos guardando em nós! Tenho-lhes saudades! Tantas!

Fecho os olhos e sinto essa força encorpada, um desconsolo crescente que nos corta! Sinto essa força – de que falo tantas vezes – mas agora encerrada de medo, num corpo doido de tanto silêncio! Talvez seja um desengano o que sinto... o tempo que não chega lá, onde fomos tantas vezes…


Sunday, November 13, 2011

É o mais urgente!

Coimbra

Tenho-lhe saudades… é um paladar que perdura!

Tenho-lhe tantas! Todas!



Saturday, November 5, 2011

És a minha voz?

És a minha voz? Perguntei. Andavam às voltas com uma conversa inconsequente, daquelas que vai a nenhures. Por isso insisti: És a minha voz? Era uma voz dorida, despida e em silencio. Era uma voz sem forma, sem imagem, mas mesmo assim, uma voz. És a minha voz? Continuei. Mas aos poucos, a voz foi-se encerrando num lugar distante, num tempo desviado de agora e de nós.

És a voz do beijo que ficou por dizer. Respondes-te por último.


Quem ama...



"Porque quem ama tem medo de perder..."

Pedro Abrunhosa

Novembro

Por ser Novembro...

Sunday, October 30, 2011

Este silêncio



Gostava de te falar deste silêncio… Deste, e de tantos outros, que abraçam e aconchegam. Gostava de te falar do silêncio que agasalha em noites mais frias! Que aquece o corpo e liberta a alma. E que, chegando, ocupa o lugar vazio!

Gostava de te falar do silêncio de aromas e memórias. Do silêncio quente e doce e, daquela musicalidade que nos embala e que me toca agora…

Gostava que este silêncio chegasse a até ti como brisa morna e ameigada. Gostava que te sussurrasse o sorriso que penduro no silêncio do meu corpo.

Gostava de te dar o meu. Este que te falo, e que, não me agarrando, te sorri!


Tuesday, October 25, 2011

Há vantagens sempre!

Depois? Há mais caminho!
A vantagem do depois, é saber a certeza que há sempre mais e melhor caminho!
(e, já agora, lamber pouco as feridas e seguir...)



Saturday, October 22, 2011

Sempre perto...


Não converso uma conversa de outros tempos. Tenho memórias nas mãos, na boca e na voz. Tenho-te em palavras e em retratos que vou introduzindo suavemente no meu mundo. Não converso. Reinvento-te todos os dias!



Hoje apeteces-me...

Hoje, apetece-me parar o tempo. Parar para voltar lá, e avançar por estas linhas acima como se de caminhos se tratassem. Acelerar por estas, ou por outras palavras fora e sentir-me estrangeira. Aquela que está de fora. Aquela que fica na bordas das palavras. No rebordo das letrinhas. Aquela que te brilha...

Hoje, apetece-me viver num tempo desconhecido e escrever palavras familiares em temas com odores nobres.

Hoje, apetece-me reler-te, e sentir-te no som de outros tempos. Hoje, apetece-me escrever-te.

Sabes que mais? Hoje, apetece-me dar-te o meu lado mais precioso… Aquele que teimosamente fica sempre do lado de fora!


Monday, October 17, 2011

Será assim.

Levo-te (até) ao fim do mundo!

Ao mesmo tempo!


Quase sem pensar, ou, sem pensar de todo, estico o braço e com muito cuidado vasculho. É preciso não derrubar nada. As flores, lá de casa, estão sempre milimetricamente alinhadas - aliás como quase tudo. Com as pontas dos dedos encontro-as. Encontro-as sempre. Depois, com as chaves na mão, pouso, finalmente, o olhar naquele vaso, no vaso de sempre e deixo-o por lá. Lá dentro, guio-me apenas com o coração… Alvoraçada, preparo-me. Alinho o cabelo na expectativa de alinhar as ideias também. Procuro o ar mais familiar, as palavras mais amenas e os sons que me fizeram sorrir e sorrir, vezes sem conta! É nesse momento que me sinto a entrar, e sem dar por isso, afasto-me no tempo!

Respiro cada instante, cada recanto perdido, cada objecto e subo no tempo! Enlaço-me nos cortinados e deixo-me invadir pelo odor a lavado que me abraça! O calor da casa vai aquecendo as memorias e vivo feliz cada recordação! Depois de tanto tempo, só as memorias permanecem imutáveis, são as únicas que confirmam que regressei ao mesmo sitio. Ao mesmo tempo!


Thursday, September 29, 2011

...

Hoje estou assim...
(amanhã logo se verá!)


Monday, September 26, 2011

Sunday, September 25, 2011

O filho de mil homens


"Para dentro do homem era um sem fim, e pouco ou nada do que continha lhe servia de felicidade. Para dentro do homem o homem caía."

"O Crisóstomo começou a pensar que os filhos se perdiam, por vezes, na confusão do caminho. Imaginava crianças sozinhas como filhos à espera. Crianças que viviam como a demorarem-se na volta para casa por terem sido enganadas pela vida. Acreditou que o afecto verdadeiro era o único desengano, a grande forma de encontro e de pertença. A grande forma de família."

"Estava um sossego incrível instalado naquele mundo e ele baixou-se, deixou-se sobre a areia como sentado para pensar melhor e percebeu como a vida tinha as suas perfeições."

"A companhia de verdade, achava ele, era aquela que não tinha por que ir embora e, se fosse, ir embora significaria ficar ali, junto."

"Era um menino na ponta do mundo, quase a perder-se, sem saber como se segurar e sem conhecer o caminho. Os seus olhos tinham um precipício. E ele estava quase a cair olhos adentro, no precipício de tamanho infinito escavado de ausências e silêncios. Seguia na traineira quase com a promessa de quem podia chorar. Para dentro do rapaz pequeno era um sem fim e pouco do que continha lhe servia para a felicidade. Para dentro do rapaz o rapaz caía."

Valter Hugo Mãe, in O filho de mil homens

Sunday, August 28, 2011

Às vezes sinto assim...


Às vezes estico demais as palavras. Estico tanto que ficam desfocadas, despresentes e a mensagem fica do avesso! Mas, de cada vez que o faço, pergunto-me: “Qual será a cor deste cansaço, assim a bater tanto?!”


Sunday, August 7, 2011

Em tudo na vida...


“Mas, então, como podemos fazer o caminho que vai desde a incapacidade para entender a lógica dos factos até à capacidade para nos distanciarmos e de uma forma clara perceber que atitude assumir? Repare que utilizei a palavra distanciamento. E essa é uma boa forma para entendermos este processo. Quando estamos muito próximo de um muro, é difícil ver o que está atrás dele. Mas se nos afastarmos, é como se ele se tornasse mais baixo e já conseguimos ver mais longe. Ver mais é aqui a palavra-chave. Ver mais do que aquilo que estamos a sentir. Conseguir colocar-se «numa posição» que permita olhar a nossa vida como se se tratasse da vida de outra pessoa. Criar este processo é o que os psicólogos chamam «construir consciência». A consciência é como se tivéssemos criado uma outra pessoa dentro do nosso próprio corpo e, quando temos de tomar decisões, então essa outra pessoa, que somos ainda nós, age como um conselheiro.”

Joaquim Quintino Aires, in O Amor é uma Carta Fechada


Tu sabes...


As tuas palavras?
Pendurei-as na parede e é para lá que estou a olhar agora.


Saturday, July 16, 2011

Parabéns!

São tuas.
Beijo-te com ternura.

"Se se tiver sorte..."

“Se se tiver sorte, morre-se sozinho com uma boa companhia!”;

“Gostava de dançar a dois, num sentido mais eterno...gostava…”;

“As pessoas são maravilhosas”;

“A senhora da limpeza foi a única a bater palmas (no ensaio da manhã) ”;

“Perde-se a competitividade… aquele iogurte fica ali séculos… (referindo-se à ausência de irmãos)”;

“A morte é um estado transitório… fica nas pequenas coisas…”;

“Chego a tolerar as pessoas de quem não gosto mesmo!”;

“É repugnante ter uma opinião sobre tudo e sobre nada.”;

“É importante ajuda-los a partir, deixar as pessoas partir é muito importante, tanto na vida como no amor! (referindo-se à morte pai);

“Quando se é feliz numa relação não se perdoa nada, não há nada a perdoar!”;

“Gosto do ruído das coisas…”;

“Chorar sim, sofrer não! Eu sofro muito!”;

“Tenho imensas saudades, estive muito ausente…”;

“Há coisas de que não me arrependo, de comportamentos autodestrutivos…”;

“Ainda tenho muitas coisas para resolver. Estou muito baralhado…”;

“Nas relações humanos não tenho sido muito hábil!”;

“Se ofendi alguém… as minhas desculpas!”;

“Tenho medo do excesso de palco, do excesso de luz, tenho de viver em mais escuridão… tenho medo!


Rui Reininho, hoje, in alta definição na SIC

Sunday, July 3, 2011

Sete Estórias do Vento Salgado



Dia 16 de Julho pelas 21h30, no Diana Bar, na Póvoa de Varzim é o lançamento do livro "Sete Estórias do Vento Salgado", da minha amiga - Ana Paula Mateus. As ilustrações do livro são de Esgar Acelerado.

Saturday, June 18, 2011

"Gosto do meu repouso!"

“Porquê que querem prolongar a vida aos velhos e depois esquecem-nos? Não compreendo!”;

“Tenho medo de amanhã ter de obrigar alguém a tomar conta de mim!”;

”Gostava de ter juízo até ao dia da minha morte!”;

“Gosto do contacto com os jovens, gosto da capacidade que têm em serem provocadores. Gosto. Mas, alguns sãos mal criados! Alguns acham que fazem falta!";

“Tento ser observadora sem criticar.”; ”A força interior é vulcânica.”; ”Duvido das coisas fáceis.”; “O amor é magnífico.”;

“A dor faz-nos sentir mais pessoas (detesto dizer isto, mas é verdade!)!”;

“Não gosto que me olhem...”; “Gosto de ler e escrever.”; “Gosto das minhas contradições.”;

”Quando uma relação dura tantos anos passa a ser um amor sublimado. É todo e é tudo!”; “Os tempos, para os mais jovens, são muito difíceis (a propósito do amor!)!”;

“Gosto de ouvir passos... Olha já terminaram!”; “O amor é o sentimento mais difícil de interpretar!”; “Não gosto de falar mal das pessoas.”;

“Portugal não liga nenhuma à educação e à cultura...”;

“A vida é de uma voracidade tremenda!”;

“Com esta idade (a Margarida está a caminho dos 70) não se engana com tanta facilidade e não se sonha com disparates...”; “Tenho sonhos por cumprir. Escrever mais 2 ou 3 livros. Ter tempo para observar as pessoas!”;

“Gosto de figueiras porque têm uma sombra quente...”;

“É bom consumir o tempo todo até ao fim.”; “É bom entregar-me numa conversa simples...”;

“Tenho de trabalhar porque a minha reforma não chega (Margarida recebe cerca de € 370,00)!”;

“Só me zango com as pessoas de quem gosto muito.”;

“Costumo sentir as pessoas que valem a pena”.


Margarida Carpinteiro, hoje, in alta definição na SIC

Hoje e sempre!

Sinto saudades...

Homenagem a Saramago

Friday, June 17, 2011

Quanto mais tempo se atrasar...


"A vida está cheia de coisas das quais não gostamos. E o problema não é a vida ter coisas de que não gostamos, mas nós percebermos isso e aceitar que vai haver sempre coisas de que não gostamos.
Isso não quer dizer que se torne menos exigente. Pelo contrário. Eu gostaria muito que este meu texto fosse mesmo um instrumento para que se torne mais exigente. O que quero sugerir-lhe é que aproveite o menos bom, sem nunca esquecer do que é o bom. O bom, o amor, nunca irá bater-lhe à porta. Vai ter de construí-lo. Mas aproveitar o menos bom é um exercício excelente para aprender a fazer essa construção.
Pode parecer que o seu sistema moral seja muito rígido e que lhe pareça que esta proposta não é justa para a outra pessoa. Pense que a outra pessoa está a aproveitar e a aprender também. E tal como acontece consigo, quando ela tiver melhor, vai embora. É isso a aprendizagem, a que chamamos namoro. E que se vai começando e acabando sempre. Só o Amor, nunca acaba!"

Joaquim Quintino Aires in O Amor é uma Carta Fechada

Monday, June 13, 2011

Leve




Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.

Alberto Caeiro

Sunday, June 5, 2011

Bárbara

Para uma data memorável,
o momento foi lindíssimo!
E os amigos... todos responderam!
Todos.

Wednesday, June 1, 2011

Dia Mundial da Criança (Comemoração)

As Bolas de Sabão


As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.

Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.

Alberto Caeiro

Saturday, May 28, 2011

Vidas


Há vidas sem gente dentro!

Wednesday, May 25, 2011

O que mais procuro.

É o que mais procuro. É aquilo que mais procuro. E é o que não tenho.

Imagina.

Todos os dias e em todas as horas. Sempre. E percorro todos os rostos, todas as mãos e todos os olhares. Mas, o que volta são palavras.

Palavras. Apenas isso. L-E-T-R-I-N-H-A-S.

Depois guardo-as. Algumas ficam por aqui mesmo, outras, nas minhas vozes. São palavras tão diferentes daquelas que trago penduras. Penduradas nas mãos, uma por dedo, às vezes mais. Depende.

São palavras que ninguém chama. Que ninguém vive dentro.

Que ninguém vive por dentro.

É o que mais procuro!


Sunday, May 15, 2011

Das palavras

"Falar é muito mais do que só comunicar. É sentirmo-nos parte de um grupo, de uma sociedade, é sabermo-nos amados, é partilharmos o que vivemos, sentimos, lemos. É sobretudo, a construção de nós mesmos a partir da relação com os outros."

Isabel Leal (Psicóloga)

Saturday, May 14, 2011

Partilhas?

Quando se vive no fim...

Pode haver um amanhã em que o teu rosto não seja a primeira coisa que eu veja (disseste-lhe, assim, sem mais.). Depois disso, tentou, a todo o custo, chegar a um lugar onde reparassem nele. Mas é difícil!

É difícil estar sempre à espera. É difícil gerir tanta pressão acumulada na garganta, por isso as lágrimas soltavam-se de quando em vez! É difícil! (repetia amiúde!). No fim de uma vida deparamo-nos com uma história inteira que ficou para trás! E agora, sente as palavras a amontoarem-se na garganta, a expandirem-se até serem capazes de o sufocar.

É difícil (não parava de repisar!). Quando nos magoam para lá do que é possível suportar, quando a dor fica tão grande… todo o resto deixa de fazer qualquer sentido (pensava…)! Mesmo tratando-se do mesmo sangue!

Monday, May 9, 2011

O cuidado nas escolhas

"Uma pessoa idosa que viva sozinha e seja apenas visitada pelo pessoal dos cuidados sociais e de saúde pode estar socialmente mais isolada e sozinha do que uma outra pessoa idosa que viva num lar residencial. "
Gavilan

"Não é possível escolher quem vive juntamente consigo nas instalações residenciais, o que pode ter como consequência uma solidão realmente sentida"
Townsend

Memória sempre!

"Quando o assunto é memória falamos de quê?
Falamos de identidade."

José Bandeira Costa - Neurologista

Sunday, May 1, 2011

Feliz dia Mamãs!

Gostava de te encontrar em todas as partes do meu dia. Em todas as partes da minha vida. Para isso, seria bom poder embrulhar-te!


Tuesday, April 19, 2011

É o que apetece...

Com este tempinho só apetece engonhar...

Monday, April 18, 2011

Já deu o seu?

Mil milhões de euros é o valor que os hospitais devem à Industria Farmacêutica.

Entretanto, algumas unidades hospitalares já solicitam aos doentes alguns bens, como por exemplo: medicamentos, fraldas, leite (substituto do leite materno) e até lençóis!

A notícia hoje vai até Lisboa, onde a Maternidade Alfredo da Costa, pede donativos aos seus pacientes, indicando o NIB da instituição, em todos os documentos que entrega.

Entretanto, as contas continuam controladíssimas... É necessário averiguar se se trata de despesismo e, por conseguinte, má gestão. Diz o Governo.

E nós acreditamos, claro está!


Parabéns às duas!


Parabéns Marisol e Bruna!


Friday, April 8, 2011

Se souberes...

Em que parte da tua vida me encontraste?

Monday, April 4, 2011

Espero?

Cala-me a tua boca aqui. Quero dormir quente.

Eu espero (é uma pergunta).


Sunday, April 3, 2011

Tenho um livro assim...

Reconheço-te só pelo bater do coração… Agora, chega-te aqui e diz-me o teu nome. Porque não me dizes o teu nome?

Chega-te a mim e deixa-me ouvir-te. Porque não me deixas ouvir-te?

(A propósito de um livro que estou a ler.)


Wednesday, March 30, 2011

Quietude imperfeita

A ideia crescia.

Havia música no ar e algumas pessoas dançavam, outras balançavam. Havia amizade, doces e taças de champanhe. Havia afecto, risos e galhofa por toda a sala, excepto onde ela se encontrava.

E, a ideia aumentava.

Havia alegria, muita. Sonhos que enchiam o ar e projectos que viajavam de mão em mão. Havia beijos e ternura nos abraços. Mas onde ela se achava, não.

A ideia avançava dentro dela.

Vestia um elegante vestido preto e calçava um sapato alto, tal como a ocasião o pedia. Mas, estava afastada e estafada. Os pensamentos atracados longe. O olhar meigo, triste e cansado. Toda ela distante.

E a ideia já não cabia dentro dela. Sabia bem o que tinha de fazer…

Depois desta agitação, ficou a vida quieta e nós a queimar de paz!


Monday, March 28, 2011

Faz-de-conta

Quando a viu, secou-lhe a garganta. Senti. Senti como lhe custava chegar aquele momento. E aquele calhava ser um momento particularmente difícil. Ela chegou e beijo-a na face. Foi um beijo rápido, tal como a visita. Tinha uns compromissos, afiançou-nos por fim. Ali ficaram. Retirei-me e dei espaço ao silêncio que entrou por fim. Foi um curto diálogo em silêncio. Estranho, não? Mas foi assim mesmo. As palavras a falarem e os corações a pensarem… E o tempo a esgotar-se. A mãe, apesar de gostar muito da sua companhia, não a quer por visita, e, por isso mesmo, envelhece muito nestes dias. Depois põe os óculos escuros só para esconder os olhos parados.

- Sabe menina, gosto muito da minha filha, sabia? Diz-me, por fim e quase em segredo.

Eu sorri devagarinho e abanei a cabeça, foi a cabeça que disse que sim, porque a voz não saiu.


Saturday, March 26, 2011

Mais outra vez.


Hoje sonhei-te. Outra vez.

Misturávamo-nos. Riamo-nos ao mesmo tempo. Da mesma ideia. No mesmo tom.

Agora, sonhava-te. Outra vez. Outra vez.

Beijava-te e ficava a beijar-te o resto do mundo.