a viagem começou agora!
Wednesday, April 28, 2010
Wednesday, April 21, 2010
Tuesday, April 20, 2010
Não desistas de mim

A porta fechou-se contigo,
Levaste na noite o meu chão,
E agora neste quarto vazio
Não sei que outras sombras virão.
E alguém ao longe diz: …
Há um perfume que ficou na escada,
E na TV o teu canal está aberto,
Desenhos de corpos na cama fechada,
São um mapa de um passado deserto.
Eu sei que houve um tempo
Em que tu e eu
Fomos dois pássaros loucos,
Voámos pelas ruas
Que fizemos céu,
Somos a pele um do outro.
Não desistas de mim,
Não te perca agora,
Não desistas de mim,
A noite ainda demora.
Ainda sei de cor o te ventre
E o vestido rasgado de encanto,
A luz da manhã,
O teu corpo por dentro,
E a pele na pele de quem se quer tanto.
Não tenho mais segredos,
Escondi-me nos teus dedos,
Somos metades iguais.
Mas hoje,
Só hoje,
Leva-me para onde vais
Que eu quero é dizer-te:
Não desistas de mim,
Não te perca agora,
Não desistas de mim,
A noite ainda demora.
Pedro Abrunhosa
Sunday, April 18, 2010
Tuesday, April 13, 2010
Dia Internacional do Beijo
Monday, April 12, 2010
Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me...
.
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
.
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
.
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
.
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
.
Florbela Espanca
Thursday, April 8, 2010
Fui sabendo de mim
Monday, April 5, 2010
Números. Números apenas.

Suicídios de idosos duplicam desde 2000. Este era o título da notícia (pequenina aliás) que chegou na capa do Jornal Expresso deste fim-de-semana.
Domingo, no final do dia, quando finalmente senti o fim-de-semana, parei nesta notícia. Detive-me nas letras. Li e reli este mesmo título mais do que uma vez. Depois, e só depois, de arrumar a comoção em desalinho, avancei com as mãos e com o olhar para a página 26 e permaneci por lá…
Deixo-vos alguns números e algumas palavras que me acertaram como se de uma arma se tratassem.
Em 2008, 456 idosos suicidaram-se em Portugal. No início da década, a desesperança forçou 242 idosos a anteciparem o fim. Podemos concluir que, em oito anos, quase duplicou o suicídio entre os mais velhos.
A solidão, a doença, as dores intensas, a limitação na mobilidade, as dificuldades económicas, a sopa quente que por vezes não chega, a depressão e acima de tudo, mas acima de tudo mesmo, o desamor. Sim, a falta de carinho, de atenção, de tempo, de laços… a falta de amor atira os mais velhos para uma angústia demasiado grande. Demasiado pesada para um corpo tão frágil! Para um corpo demasiado cheio de perdas.
Na velhice, é frequente viver a perda do(a) companheiro(a) de uma vida, que representa para os idosos, a perda de um pedaço do seu corpo, um pedaço da sua história. Esta perda traduz-se numa verdadeira amputação. E é esta dor que vai crescendo até não ter espaço, e, não caber num corpo mirrado pela idade e pelas amarguras de uma vida! Neste momento, fica muito fácil desistir… e não param de desistir (assim falam os números), mesmo quando estão, já tão perto do fim!
«Há quem desabafe durante horas, com a arma na mão ou um frasco de comprimidos sobre a mesa. Desfiam uma vida feita de desgraças, choram e pedem ajuda. Relatam como perderam o emprego ou como a crise os obrigou a fechar a empresa, como lutam contra uma doença terminal ou como viram a família desfazer-se em pó de heroína. E depois há os que não dizem nada. São quase sempre os idosos. “Ligam e dizem muitas vezes ´Era só para dizer boa noite` ou ´Desculpe, só queria ouvir uma voz antes de dormir´. É a expressão mais brutal da solidão” conta Maria, 62 anos, voluntária da Linha SOS Voz Amiga (213 544 545). “São chamadas de fim de linha”, resume.»
Porquê? Questiono-me. Terá mesmo de ser assim? Não haverá outro caminho? Porquê, e para quê precipitar o fim? E, é no meio destas dúvidas que me surgem outras: teremos sido nós – filhos, netos e sobrinhos – a voltar-lhes as costas? Teremos nós desistido dos mais velhos? Teremos nós, nesta anciã de viver a felicidade numa beleza eterna, que fechemos a porta à nossa história, às nossas memórias de vida, à nossa mãe?... Teremos, ou não?!
São estas ideias fixas, que me atormentam. Acredito e sinto, que estes sim, são os verdadeiros problemas. São meus. São teus e são de quem me ouve (se é que conseguiu ler-me até aqui!!!). São estes sinais e sintomas que retratam a nossa sociedade. Uma sociedade verdadeiramente indisposta! Brutalmente doente!
“Estava suspenso, de costas viradas para o mundo. Alto, esguio, de cabelos cor de sal. Roupão de cetim a cobrir pijama de flanela. Era Janeiro, o céu triste, sombrio, grávido de nuvens. Os pés descalços a dois andares do chão. O roupão a balançar na manhã fria. E, ainda assim, uma certa altivez. Há coisas que nem a morte consegue matar.”
“ Flávio, o vizinho, foi buscar um banco, subiu e espreitou pela janela aberta. Viu-a sentada, com um buraco no peito. A amarrá-la ao cadeirão, impedindo-a de cair na sequência do tiro, estava o cinto do roupão. A seu lado, para simplificar formalidades, vários documentos e uma carta á sobrinha. A arma ficou no chão, a hora que a que Francelina disparou ninguém sabe.”
“ Cândido não queria ser um fardo para ninguém”, e numa tarde de sol, lá pelas, 15h30 e sem que ninguém suspeitasse, Cândido terá aberto a porta de sua casa, ter-se-á abeirado da estrada que atravessa a aldeia onde vivia, e de frente para todos os que passavam, encostou a caçadeira à cabeça e disparou.
Magoa-me.
Com um vazio no coração, ajoelho-me com o olhar e com as palavras!
Trazê-la sempre por perto...
Thursday, April 1, 2010
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