
O processo é irreversível!
A população está serena...ou talvez não!
Na final do programa "Os Grandes Portugueses" saiu vencedor António de Oliveira Salazar, com 41%, cerca de 65.290 votos. Uma esmagadora conquista!
A um mês de completar 33 anos depois do 25 de Abril de 1974, descubro em pleno programa de televisão, na final de "Os Grandes Portugueses", que a população portuguesa prefere ser governada a "ferro e fogo" e com "pulso de aço" a ter a democracia como signa.
A educação/formação escolar falhou! O desconhecimento da história do nosso País é grande.
Onde paira a formação em que o conhecimento é valorizado no sentido amplo da palavra, dando lugar à opinião crítica e à partilha de informação?
Então e o Sistema Político fundamentado no princípio de que a autoridade deriva do povo, e é por ele exercida ao investir no poder soberano através de eleições periódicas e livres?
E a distribuição equitativa do poder?
E uma sociedade que garanta a liberdade de expressão, e na qual não existam distinções ou privilégios de classe hereditários ou arbitrários?
E o País democrático? A liberdade, igualdade, fraternidade, respeitabilidade, justeza, veracidade, honestidade e a cidadania, são sinais que o tempo deve apagar?
Valores justos e prementes na humanidade, assim como, de todos os direitos salvaguardados na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Bendito seja Deus!
Afinal houve um reconhecimento por Salazar, que perdurou no tempo...
Algumas das suas frases mais célebres:
a) "O povo inculto é governável."
b) "Falar pouco e trabalhar muito."
c) "Um safanão a tempo é quanto basta."
d) "Mais vale um safanão a tempo do que deixar o Diabo à solta no meio do povo."
e) "Sei muito bem o que quero e para onde vou."
f) "Manda quem pode e obedece quem deve."
g) "Pátria, Deus e Família."
António de Oliveira Salazar (1889 - 1970), formou-se na Universidade de Coimbra em Direito com média de 19 valores, professor universitário (Economia Política e Finanças), ditador e estadista. Aceita a pasta das finanças pela segunda vez (1928 - 1932), com todas as suas exigências cumpridas (uma delas, o controlo absoluto sobre as despesas e receitas de todos os ministérios - impondo forte austeridade e rigor nas contas), equilibrou as finanças públicas entre 1928 e 1929. Na primeira vez que aceitou o cargo, em 1926, apenas exerceu 13 dias, demitiu-se, alegando não possuir as condições indispensáveis para o seu exercício.
Foi fundador e chefe da União Nacional, único partido político durante o Estado Novo, ou II República, em 1931, um regime totalitário. Salazar tinha a concepção de que havia uma elite política, a do regime. Fundador e principal mentor do Estado Novo, com o cargo de Presidente do Concelho de Ministros - Primeiro Ministro (1933 - 1974). Exerceu uma ditadura anti-liberal, anti-comunista e anti-parlamentar que se regia segundo princípios da tradição conservadora: Pátria, Deus e Família.
Durante o Estado Novo os Presidentes da República tinham funções meramente cerimoniais. Quem detinha o poder era o Presidente do Concelho de Ministros, portanto, Salazar.
Salazar governou Portugal em nome do povo, substituindo-se a ele. Afastou os sucessivos presidentes do conselho de ministro militares, nomeados. Ratificou a nova instituição, apesar de ter uma abstenção de 40% (votos que reverteu a seu favor). O seu poder pessoal passou a assentar em bases sólidas. Criou a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), mais tarde, em 1945, transformada em Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), esta polícia estendeu uma rede de informadores de norte a sul do País, percorrendo vilas e aldeias. A primeira função da PVDE/PIDE era prevenir as tentações da libertinagem, intimidando não só os ateus e os desacautelados à beira da impiedade, mas também seus pais, irmãos, conjugue, filhos, amigos e colegas, enfim ... todos os que estavam em perigo de contágio.
A PVDE/PIDE localizava o suspeito, pós denúncia, e a meio da noite arrombava a porta da sua residência, dava-se voz de prisão e uns "sopapos", arrastavam-no para a sede, onde era interrogado e apanhava o "primeiro safanão". Se o subversivo falasse o que sabia, estava a caminho da salvação. Se não, caía o "segundo safanão", entenda-se, o espancamento. Se continuasse em silêncio apanhava o "terceiro safanão" que consistia: na penitência da estátua (o indivíduo era obrigado a ficar, dias e noites, sempre em pé, até as suas pernas se transformarem em "trambolhos" (edema provocado pela estase venosa dos membros inferiores), outra variante do "terceiro safanão" era a penitência do sono (o indivíduo era obrigado a ficar, dias e noites, sem dormir, quando cabeceava, acendia-se um holofote contra os olhos - esta penitência podia chegar até aos 15 dias). Normalmente depois do "terceiro safanão", os inconfessos entravam em coma e morriam.
"Ninguém os mata, eles é que se deixam morrer porque se negam à salvação", dizia Salazar.
Poucos sobreviviam ao "terceiro safanão", e com ou sem julgamento, eram despejados em masmorras!
Quem não se lembra do Tarrafal???
Salazar chamou a si o despacho dos pelouros mais sensíveis, onde se incluía a propaganda e a censura. A título de exemplo: não existiam suicídios em Portugal, não haviam conflitos sociais, manifestações, greves, reivindicações salariais ... porque a censura os censurava.
Tentou assim, criar uma sociedade perfeita!
Pois ...
Nos Tribunais, antes do julgamento, já se lia a sentença. Advogados e testemunhas de defesa eram calados à força. Depois de cumprida a pena, os condenados ficavam, na maioria das vezes, mais uns anos em reclusão ... higiénicas medidas de segurança!
O povo só deveria admirar e orgulhar-se do Estado de Salazar, para isso, não era necessário ser-se instruído, para quê? De facto, bastava saber juntar umas letras para ler e escrever. E não era necessário que todos o soubessem! Salazar pretendia manter o povo analfabeto.
"O povo inculto é governável", dizia Salazar.
Advogou a pobreza para o País. O povo vivia à luz das candeias, com medo da própria sombra!
Em 1949, Salazar finge eleições livres. O candidato da oposição, Norton de Matos, é calado à força e desiste mesmo à boca das urnas!
Mais tarde, em 1951, quando Carmona morre, Salazar convoca eleições, o candidato da oposição, Rui Luís Gomes, leva uns "safanões" a tempo. E ganha o candidato de Salazar, o Almirante Quintão Meireles.
António de Oliveira Salazar com 41% dos votos. Uma esmagadora vitória. Porquê?
Estou em crer que os portugueses, hoje, não pretendem tanta amargura de volta!
Talvez só o lado direito de uma sociedade já bem distanciada e desmaiada no tempo.
Talvez reaver o que os portugueses sentem perder: escolas, centros de saúde, hospitais, policiamento, respeito pelas autoridades e leis. A segurança!
Será que os portugueses apresentaram um cartão vermelho aos nossos políticos? De certeza que ressentidos com o estado actual do País ...
Hoje encontramos desemprego, corrupção, criminalidade, instabilidade social, ausência de civismo, as pessoas cada vez ganham menos, os vencimentos são baixos, temos cortes nas reformas e a carga fiscal dispara, assim como, as falências e a inflação.
As pessoas pretendem um País mais educado, estável, organizado, respeitável e íntegro!
Estou certa, ou pelo menos quero estar, que quem votou Salazar, não pretende um de volta!
Bastou este, para impregnar o País e o seu povo num sofrimento inigualável!
As pessoas passaram por tudo, enquanto os Bancos do Estado estavam cheios ... e as vidas escravizadas, justificaram?
Estou em crer ... estou certa ...
Quero acreditar!