Thursday, December 6, 2007

Quem? Eu?


Não são casos isolados e a sua difusão é preocupante.

Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), no primeiro semestre deste ano registou-se um total de 4.330 novos processos de apoio, destes, 46,4% traduziram-se em apoio genérico e encaminhamento, 22,2% em apoio jurídico e 19,7% em apoio emocional.
Segundo a APAV as vítimas de crime são, na sua maioria, mulheres (86,9%), casadas (45,6%), com idades compreendidas entre os 26 e 45 anos (31,7%). Os autores de crime são fundamentalmente homens (87%), casados (49,7%), com idades compreendidas entre os 26 e 55 anos (36,4%). Relativamente ao nível de ensino e estrato social, não é possível destacar nenhum em especial. Tanto as vítimas como os autores dos crimes atravessam todos os níveis de escolaridade, bem como, classes sociais. Quanto ao local do crime, 67, 5 % dos crimes ocorreram na residência comum, 10,8% na residência da vítima e 8,2% em lugar/via pública.
Do total de 4.330 processos de apoio, denunciados em seis meses, 85,5% refere-se a crimes de Violência Doméstica.
Relativamente ao ano de 2006, APAV registou 7.935 processos de apoio. Destes, 6.772 referiram-se a vítimas que foram alvo de 15. 758 crimes e 86% do total dos crimes, referem-se a situações de Violência Doméstica.
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Esta cena macaca, só me faz lembrar aqueles tipos de duas faces, incansáveis e dedicados no trabalho e com os amigos. Violentos, precipitados e cruéis em casa. Tipos totalmente destituídos de escrúpulos, de respeito, de princípios e de auto-controlo. Bando cobarde com comportamentos primários.
Os dias estão cheios de exemplos destes, notícias sobre tipos inofensivos e amáveis até, a quem num dia qualquer e, de súbito, mataram a mulher.

Por detrás desta violência escondem-se infinitas causas de consequências inomináveis. Violência no lar, conduz à disfuncionalidade da família, que fortalece e reforça a violência. É um ciclo. Repete-se sempre.
A violência é o recurso dos fracos – isto é um lugar comum –, mas só os mais fortes e seguros de si, sabem usar a inteligência.

Em todas as partes do mundo, as mulheres maltratadas comportam-se de forma semelhante: evitam procurar ajuda, o que contribui para acumular violência. As vítimas são subjugadas e sentem-se encarceradas por falta de alternativas e isoladas por inexistência de informação. O medo, a vergonha, a ausência de protecção e a falta de esperança rapidamente as invade e paralisa. Tratam-se muitas vezes de agressões diárias e contínuas e frequentes e...tão dolorosamente amargadas!
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Deverá a Violência Doméstica ficar abafada? Aceite por inacção? Por laxismo? Deverá ser silenciada? A que preço? Porque razão?

Os maus-tratos físicos e psíquicos são um crime mesmo quando ocorrem no seio da família e constituem fundamento de divórcio quando o agressor é o conjugue. A Violência Doméstica é um crime público punido por lei. Qualquer pessoa pode apresentar queixa, caso seja vítima deste tipo de crimes.

Ter de recomeçar a vida a partir de um momento tão doloroso, é delicado… Há que querer! Hoje, existem programas de acolhimento e protecção para as vítimas.

Em Portugal, estima-se que exista Violência Doméstica em 25% dos lares, digo estima-se, porque só uma ínfima parte das vítimas têm coragem para revelar as agressões sofridas.
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Que sociedade, a nossa, que mantém impunes estes criminosos?
Gente etnocêntrica!
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Alguns contactos úteis:
Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) – 707 200 077
Linha Social de Emergência Social (LNES) – 144
União de Mulheres Alternativa e resposta (UMAR) – 218 867 096
Estrutura de Missão Contra a Violência Doméstica – 213 121 304
Serviço de Informação a Vítimas de Violência Doméstica – 213 121 304
Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres:
Lisboa – 217 983 000 e Porto – 222 074 370
Associação de Mulheres Contra a Violência – 213 802 160
Associação Portuguesa de Mulheres Juristas – 217 594 499
Fundação Byssaia Barreto (Coimbra) – 239 832 073
Serviço de Apoio à Mulher (Angra do Heroísmo) – 295 217 860
Associação Presença Feminina (Funchal) – 291 759 777

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