Friday, October 12, 2007

Talvez o gato dê sorte!

É uma moda. É um espelho das cidades, ditas, desenvolvidas. É um sinal dos tempos modernos.
Quando se constrói uma estrada, é previsível, uma rotunda, pelo menos uma, irá ser edificada, para bem da circulação rodoviária, para um Portugal mais rolante. O problema parece ser mesmo esse, como rolar lá e sair inteiro?
Bem sei, as rotundas apresentam vantagens, é verdade: quebram a velocidade dos veículos, sem recorrer às lombas, essas tão odiosas bandas. Também não há necessidade de optar por sinais luminosos controladores da velocidade. De uma forma geral, as rotundas facilitam o fluxo de trânsito, também, quando comparadas com os cruzamentos e/ou entroncamentos. Por outro lado, concorrem para a diminuição da sinistralidade. Mas é aqui, que "a porca torce o rabo", se não vejamos, quem anda na estrada, depara-se com acidentes nas rotundas, diariamente, sem gravidade, é verdade, para bem dos intervenientes. Mas que os há, há! Digamos que é um prato do dia.
Então o que se passará? Se as rotundas apresentam muitas vantagens versos as outras alternativas, porque conservamos a imagem: uma rotunda, um acidente?

Será que o problema passa por não sabermos, nós os encartados, como circular nas rotundas?

Questionei-me: quais são as regras de trânsito a aplicar numa rotunda? Resolvi estender esta mesma questão a dois ou três amigos, também eles encartados, o resultado foi o pior possível!
A dúvida estava instalada!
Mesmo assim, pensei, será que seremos só nós, os únicos condutores, com hesitações quando nos aproximamos de uma rotunda? A resposta é obvia. Não! Basta estarmos atentos e constatamos os diferentes comportamentos dos condutores. Há os que circulam sempre pela direita (faixa de fora), independentemente da saída que vão tomar. Há os que circulam pelo interior, ou seja, pela esquerda e atiram - sim a expressão é mesmo essa, atirar - com o carro para as outras faixas de rodagem, trespassando-as, no momento em que pretendem sair da rotunda. Há também aqueles que piscam para a esquerda ou para a direita dizendo que vão sair, e não saem nada. E os que não "piscam nada", e saem da rotunda sem darem por nada, nem por quem lá anda. Estes têm a capacidade, singurar, de se sentirem únicos naquela rotunda. Digamos que a compraram, para aquele dia!
Agora digo: para além da dúvida, o próprio caos está instalado!
Com esta contenda no horizonte, arregacei as mangas e tentei esclarecer-me, mas desta vez, junto da razão - ou talvez não! Para tal, consultei a Direcção Geral de Viação (DGV), o Ministério da Administração Interna, um manual de código (aproveitando que o meu filho, mais novo, iniciou o estudo para se habilitar a ser portador de carta de condução), dirigi-me à Policia de Segurança Pública local (PSP) e a uma distinta escola de condução do nosso concelho. Posso dizer-vos, e só, porque estou a arejar, doutra forma teria pudor, que também aqui o esclarecimento não foi iniversal!
Depois disto, confesso que me sinto mais normal, no sentido de regular, comum. Afinal a circulação em rotundas não foi feita para qualquer encartado, é também necessário possuir um dom especial! Como que receber uma bênção divina! (ou lá está, ter ajuda do gato preto!)
Mas, adiante.
Como sair incólume de uma rotunda?
Apesar do Código da Estrada (CE) ter sofrido alterações, a DGV emitiu um comunicado, por considerar que o CE ainda apresenta lacunas, ou é mesmo omisso, no que diz respeito à circulação nas rotundas. A nota da DGV refere "uma rotunda não é mais do que uma praça composta por um cruzamento ou entroncamento, onde o trânsito se processa em sentido giratório, contrário ao dos ponteiros do relógio", "há que obrigar os condutores a circular sempre nas faixas interiores, sendo apenas permitida a passagem para a zona exterior no troço imediatamente antes da saída desejada", " evitar que as pessoas percorram toda a rotunda na faixa de fora, bloqueando a saída a outros veículos e gerando acidentes".
Ora, um olhar atento no CE, Decreto -Lei nº 44/2005, de 23 de Fevereiro, constantes dos artºs 13.º, nºs 1 e 2; 14.º, nºs 1, 2 e 3; 15.º, nº 1; 16.º, nºs 1 e 2; 21.º, nºs 1 e 2; 25.º, nº 1, c) e 43.º, nº1. Com rigor, a verdade parece ser um pouco diferente. De forma muito resumida, apresento, o que o CE nos diz:
- O trânsito deve fazer-se pelo lado direito da faixa de rodagem e o mais próximo das bermas ou passeios.
- Quando necessário pode utilizar o lado esquerdo da faixa de rodagem para ultrapassar ou mudar de direcção.
- Sempre que existam, no mesmo sentido, duas ou mais faixas de trânsito, mesmo em rotundas (dentro e fora das localidades) deve circular pela via mais à direita possível, podendo, utilizar o lado esquerdo da faixa de rodagem para ultrapassar ou mudar de direcção.
- Dentro das localidades, os condutores devem utilizar a via de trânsito mais conveniente ao seu distino, só lhes sendo permitida a mudança para outra, depois de tomadas as devidas precauções, a fim de mudar de direcção, aproximar-se com a necessária antecedência e quando possível, do limite direito da faixa de rodagem e fectuar a manobra no trajecto mais curto.
- Nos cruzamentos, entroncamentos e rotundas o trânsito deve efectuar-se por forma a dar a esquerda à parte central dos mesmos.
- Quando o condutor pretender mudar de direcção ou de via de trânsito, deve assinalar com a máxima antecedência possível. E, este sinal só deve ser apagado quando a manobra estiver concluída.
- O condutor deve moderar a velocidade, de entre várias situações, sempre que se aproxima de rotundas. Bem como, deverá ceder a passagem quando entra numa rotunda.
Assim, e antes de me ir embora, deixo aqui um repto: o que terá valor legal, em caso de acidente? A "nota explicativa" da DGV, ou o CE?
Este é um assunto que deveria merecer um olhar mais diligente das autoridades, tão empenhadas em diminuir o indice de sinistralidade. É que este faz-de-conta, só é favorável aos bate-chapas!
(Venha o gato, mas o preto!)

3 comments:

Anonymous said...

Olá Cristina,

Só tu!
Mais ninguém se daria este trabalho.
Esta temática é importante, aliás, é muito importante. Pena é o meio de difusão ser tão curto. Como também é de lamentar, continuarmos a viver num país tão ambiguo...Difícil ir mais longe!
Pela minha parte, obrigado.

Bjinhos,
jmc

Anonymous said...

Mas que trapalhadaa. Acqbem mas é com elas. Porquê que os caminhos têm que passar por uma rotunda? Façam tuneis. É isso! Tuneis!

Anna said...

Cris,

Eu gosto de rotundas...
Acho graça à desordem caótica e à política do "Salve-se quem puder!"
Mea Culpa...

Beijinho